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Biguás e biguatingas

Os biguás e biguatingas são algumas das aves aquáticas mais comuns no Brasil. As duas espécies são frequentemente vistas juntas em praias, rios e lagos de todo o país por possuírem hábitos muito semelhantes, sendo frequentemente confundidas.

Anteriormente pertenciam à mesma ordem (mesmo grupo) que os pelicanos, no entanto, estudos recentes indicaram que há muitas divergências genéticas, e que devem ser classificadas separadamente.1 Portanto, atualmente biguás e biguatingas pertencem à ordem dos Suliformes da qual também pertencem os atobás e as fragatas — não estando relacionados aos patos, gansos, cisnes ou garças.

São aves que se alimentam principalmente de peixes e outros pequenos animais aquáticos. Ao contrário de seus parentes, os biguás e biguatingas são aves continentais, ou seja, apesar de também serem vistos em praias, não voam em mar aberto como as aves marinhas.

Biguá (Nannopterum brasilianum)

Biguá

Biguá. Imagem de Diego Carau via iNaturalist.

Os biguás pertencem à família Phalacrocoracidae, na qual existem cerca de 40 espécies de aves conhecidas como mergulhões, cormorões ou corvos-marinhos — este último nome que se dá devido à plumagem predominantemente preta de muitas das espécies.

No Brasil, no entanto, existe apenas uma espécie (Nannopterum brasilianum) — tornando a ave inconfundível por suas características físicas e seu comportamento. Os biguás são aves grandes, atingindo cerca de 73 cm de comprimento e cerca de 1 m de envergadura.2

São monogâmicos e costumam viver em grandes bandos, onde adultos e filhotes podem ser diferenciados pela coloração da plumagem, que nos adultos é preta com alguns pontos brancos na face e no pescoço durante a época de reprodução. Já os filhotes podem ter diversos tons de cinza nas asas e o pescoço marrom-escuro2

Em muitos casos, pode parecer que possuem as penas das asas brancas, quando, na verdade é apenas a reflexão da luz — suas asas sempre são escuras. Esta ave se destaca também por seus belos olhos azuis-esverdeados.

Muitas aves possuem uma glândula secretora e óleo na base da cauda chamada glândula uropigial que dentre várias funções supõe-se que também sirva para impermeabilizar as penas, mantendo-as sempre secas2 No entanto, algumas pesquisas indicam que a impermeabilidade das penas, na verdade se deve a sua própria estrutura, que forma uma malha densa e impede a passagem da água.3 4 5

Independentemente, os biguás, não têm suas penas cobertas por esse óleo, e suas penas não são impermeáveis. Sendo assim, ao mergulharem, suas penas superficiais ficam imediatamente encharcadas, fazendo com que estas aves afundem e nadem com mais facilidade2.

Ainda que suas penas permeáveis sejam consideradas vantajosas para caçar, consequentemente os biguás precisam passar muito tempo ao sol secando suas penas, sendo frequentemente vistos nas margens de corpos d’água pousados com as asas abertas.

Biguatinga (Anhinga anhinga)

Biguatinga

Biguatinga. Imagem de Diego Carau via iNaturalist.

Há apenas quatro espécies de aves do gênero Anhinga, sendo que apenas o biguatinga (A. anhinga) habita o Brasil. Estas aves são encontradas desde o sul dos Estados Unidos até o Uruguai, estando presentes em todos os países da América do Sul — com exceção do Chile.6

Medem cerca de 85 cm de comprimento e 1,20 m de envergadura,7 sendo maiores do que os biguás. Possuem um longo pescoço e um bico fino e pontudo, assim como as garças. A cobertura de suas asas é branca, as grandes penas de voo são pretas e a ponta do rabo tem coloração creme. Os machos possuem o pescoço e o peito pretos, já as fêmeas são facilmente diferenciadas por tê-los em tons marrons-acinzentados. Já os jovens nascem com a plumagem branca que escurece conforme a ave cresce.

Durante o período de reprodução, os biguatingas desenvolvem uma coloração brilhante e chamativa em tons de azul e verde ao redor dos olhos e uma faixa preta na base do bico, além de ficarem com suas pequenas cristas mais aparentes. Tudo isso visando chamar a atenção de seus potenciais parceiros.

Não são comumente vistos em grandes bandos como os biguás, apenas com parceiros e seus filhotes dependendo da época. Porém, grandes grupos se reúnem todas as noites em locas de descanso, junto a outras aves como garças e biguás.

Diferentemente dos biguás, os biguatingas perdem calor corporal facilmente, portanto, adotam a postura de asas abertas para secar as penas, mas principalmente para termorregulação, ou seja, para absorver a energia solar e se aqueceram.5


Por serem sua fonte de alimento, os biguás e biguatingas são importantes controladores populacionais de animais aquáticos. Ao mesmo tempo, suas fezes adubam a água, ajudando a manter as populações de peixes e atraindo outras aves para o local, mantendo o importante ciclo ecológico.

Devido aos seus grandes números populacionais e grande área de distribuição, tanto biguás quanto biguatingas não são consideradas espécies em risco de extinção.

Referências:


  1. Van Tuinen M, Butvill DB, Kirsch JA, Hedges SB. Convergence and divergence in the evolution of aquatic birds. Proc Biol Sci. 2001 Jul 7;268(1474):1345-50. doi: [10.1098/rspb.2001.1679]. PMID: 11429133; PMCID: PMC1088747.(https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC1088747/ /) ↩︎

  2. Wikiaves - Biguá  ↩︎

  3. International Bird Rescue - Clearing Up Misconceptions About Feather Waterproofing  ↩︎

  4. WHAT MAKES PLUMAGE WATERPROOF? Eric Fabricius - Zootomical Institute, University of Stockhol  ↩︎

  5. Ehrlich, P., Dobkin, D. S., Wheye, D. (1988). The birder’s handbook : a field guide to the natural history of North American birds. Reino Unido: Touchstone  ↩︎

  6. IUCN Red List - Anhinga anhinga  ↩︎

  7. Wikiaves - Biguatinga  ↩︎

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