Cobras-cegas - As menores serpentes do mundo

Neste texto, apresentamos fatos sobre as serpentes da infraordem Scolecophidia, para saber sobre outros animais também chamados de cobras-cegas acesse nosso conteúdo sobre cecílias e cobras-de-duas-cabeças .

No Brasil existem cerca de 430 espécies de serpentes¹, das mais variadas formas e tamanhos, venenosas ou não, desde as que gostam de ambientes aquáticos até as que vivem em terras áridas ou no alto de árvores. Em meio a tanta variedade, também há um grupo de pequenas serpentes que se adaptou para viver debaixo da terra — são as cobras-cegas.

As cobras-cegas (Scolecophidia) são um grupo de serpentes noturnas, não peçonhentas e de hábitos fossoriais, ou seja, vivem no subsolo, em troncos ou na serrapilheira. São as menores serpentes que existem no mundo, medindo de 10 cm a 1 m de comprimento.

São chamadas cobras-cegas devido aos seus olhos pequenos e vestigiais que ficam sob escamas semi-transparentes que os protegem debaixo da terra, mas reduzem sua capacidade visual. Portanto, as cobras-cegas conseguem enxergar apenas variações na luz e se orientam principalmente farejando com sua língua os sinais químicos deixados por suas presas — assim como outras serpentes.

Todas as cobras-cegas comem presas pequenas como cupins, formigas, suas larvas e seus ovos, mas podem se alimentar de outros invertebrados ocasionalmente. Algumas espécies podem viver tranquilamente nos ninhos das formigas, pois conseguem produzir uma substância química que as protegem de seus ataques.

Devido a sua dieta as cobras-cegas possuem poucos em nenhum dente e, embora a maioria seja pequena, são grandes em comparação com suas presas. Consequentemente, não precisam e não conseguem expandir a mandíbula ao se alimentar, como fazem as espécies de serpentes maiores.

As cobras-cegas possuem a cabeça e a cauda redondas e robustas, o que as ajuda a impulsionar seus corpos sob à terra. Apesar de todas as espécies viverem no subsolo, algumas já foram vistas em árvores após terem seguido uma trilha de cupins.²

Outra característica presente em grande parte das espécies é um pequeno espinho na ponta do rabo que pode ser usado para defesa — apesar disso, não apresentam perigo algum aos humanos e sua picada causa apenas um leve formigamento, dependendo da espécie. Outros métodos de defesa incluem vomitar sua última refeição e liberar um odor desagradável.³

As famílias de cobras-cegas

São conhecidas cinco famílias⁴ de cobras-cegas das quais três habitam o Brasil:

A primeira família de cobras-cegas encontradasno Brasil são comumente nomeadas Cobras-cegas Primitivas (Anomalepididae), possui cerca de 18 espécies das quais sete podem ser encontradas no Brasil, são também as cobras-cegas com a maior distribuição geográfica das Américas.⁵ A maioria das cobras-cegas destas famílias medem entre 15 e 30 cm, mas podem atingir até os 40 cm.²

A segunda família tem o nome comum de Cobras-cegas Delgadas (Leptotyphlopidae), possui cerca de 57 espécies, das quais 16 habitam o Brasil.⁶ As serpentes desta família atingem no máximo 46 cm, mas geralmente medem de 15 a 25 cm. São encontradas nas Américas, no Oriente Médio e na África. É nesta família que se encontra a menor serpente do mundo (Leptotyphlops carlae) com cerca de 10 cm — endêmica da ilha de Barbados.²

A terceira família (Typhlopidae) é a mais numerosa com cerca de 230 espécies. Estas serpentes costumam ser pequenas, medindo entre 14 e 18 cm de comprimento, e são encontradas nas regiões tropicais de todo o mundo.² No Brasil, no entanto, apenas a cobra-da-terra (Amerotyphlops reticulatus) pode ser encontrada — desde o Amazonas até o norte de São Paulo.⁷

Qual a diferença entre cobra-de-duas-cabeças, cecília, e cobra-cega?

No Brasil há outros animais que também são chamados de cobras-cegas. Apesar de todos viverem debaixo da terra, com alguma atenção podemos perceber que cada um possui características que os tornam faceis de serem distinguidos.

Cecílias (Gymnophiona)

Apesar de também serem chamadas de cobras-cegas, podemos diferenciar as cecílias das verdadeiras cobras-cegas (Scolecophidia) pelas cecílias não terem escamas e sim uma pele segmentada em anéis. As cecílias também possuem um pequeno par de tentáculos localizados entre os olhos e o nariz.

Além disso, também podemos diferenciar as cecílias das cobras-cegas pelo simples fato de que as cecílias são, na verdade, anfíbios (assim como os sapos e salamandras) e preferem viver em solos úmidos ou ambientes aquáticos.

Cobra-de-duas-cabeças ou anfisbenas (Amphisbaenia)

Outro animal que pode ser frequentemente confundidos com as cobras-cegas são as anfisbenas , também chamadas de cobras-de-duas-cabeças — apesar do nome, estes répteis não são serpentes.

As cobras-de-duas-cabeças são conhecidas por poderem assumir uma posição de defesa única, levantando a cabeça e a cauda simultaneamente para que o predador não saiba diferenciar qual das duas extremidades é a cabeça. Ainda assim, várias espécies de cobras-de-duas-cabeças têm a cabeça em formato de pá, que ajuda durante a escavação — tal característica não está presente nas cobras-cegas.

Além disso, outro fator que diferencia as cobras-de-duas-cabeças das cobras-cegas é as cobras-de-duas-cabeças terem as escamas dispostas entre anéis, enquanto as cobras-cegas possuem um corpo liso ainda que coberto de escamas. Apesar de não serem encontradas no Brasil, algumas espécies de cobras-de-duas-cabeças também podem ter pequenas patas.²

As cobras-cegas são serpentes difíceis de serem encontradas, portanto, não puderam ser completamente estudadas até o momento. De fato, não se sabe ao certo nem mesmo quantos desses animais existem, e muitos outros detalhes de sua biologia e o tamanho de suas populações permanecem desconhecidos.

Entender mais sobre estes animais é essencial para que possamos protegê-los, pois todos os animais têm alguma influência sobre o ambiente em que vive. As cobras-cegas, por exemplo, ajudam a controlar a quantidade de cupins, formigas e outros insetos que podem ser nocivos aos humanos. As cobras-cegas, por outro lado, são animais inofensivos e benéficos, portanto tê-los por perto é um bom sinal.

Referências:

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