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Procionídeos – O quati e seus primos

Os quatis são animais muito comuns na maior parte do Brasil. Não é difícil irmos em parques e vermos alguns reunidos se aproximando das pessoas em busca de comida. Os quatis fazem parte da família procyonidae, que também agrupa vários pequenos onívoros com ótimas habilidades para subir em árvores e são em sua maioria noturnos — com exceção do quati. Existem seis gêneros dentro dessa família, e quatro podem ser encontrados no Brasil, sendo elas o quati, o mão-pelada, o jupará e o olingo.

Quati

Quati

Quati. Imagem de Tambako The Jaguar via Flickr

Existem três espécies de quatis, porém apenas o quati-de-cauda-anelada pode ser encontrado no Brasil. Costuma habitar todos os biomas, porém sua presença na Caatinga ainda não foi confirmada.

Dentre todos os procionídeos, os quatis são os que têm a dieta mais variada. Se alimentam principalmente de insetos, larvas e frutos — o que torna ele e outros membros de sua família, muito importantes para a dispersão de sementes. Ocasionalmente, também se alimentam de pequenos crustáceos e peixes, no entanto, é possível vê-lo se alimentando até mesmo de restos de alimento industriais descartados.

Apesar de serem ótimos escaladores, os quatis vivem principalmente no solo. Enquanto outros procionídeos costumam ser solitários e noturnos, os quatis têm o hábito de viver em bandos de até 30 indivíduos ou mais e são diurnos.

Os quatis têm um certo nível de adaptabilidade à interferência humana, mas são alvos de caça em certos lugares e possuem uma alta taxa de atropelamentos. Apesar disso, seu risco de extinção é listado pela IUCN (União Nacional de Conservação da Natureza) como “pouco preocupante”.

Mão-pelada

Mão-pelada no Parque Nacional Manuel Antonio, Costa Rica. Imagem de Mariordo (Mario Roberto Durán Ortiz) via Wikimedia

Mão-pelada no Parque Nacional Manuel Antonio, Costa Rica. Imagem de Mariordo (Mario Roberto Durán Ortiz) via Wikimedia

O mão-pelada também é chamado de rato-lavador pela peculiaridade de lavar tudo que captura antes de comer. As principais diferenças entre o mão-pelada e o guaxinim americano estão no pelo mais curto, em suas pernas mais longas e na cor de suas patas dianteiras — que são pretas.

Pode ser encontrado desde a América Central até o Sul do Uruguai e todo o Brasil, habitando todos os biomas do país, inclusive, áreas degradadas. Apesar de ser muito adaptável, o mão-pelada tem a necessidade de viver perto de rios, mangues, praias e cursos d’água de onde vem a maior parte de sua alimentação.

O mão-pelada é onívoro, e se alimenta de frutas, caranguejos, anfíbios, répteis e peixes. Seu tato e a agilidade manual são altamente desenvolvidos. Quando se alimenta de sapos, por exemplo, consegue cuidadosamente descartar a pele e as glândulas venenosas do animal, além de conseguir caçá-los inclusive debaixo d’água, sem enxergá-los.

Devido a sua grande adaptabilidade os mãos-peladas são ótimos nadadores, cavadores e escaladores. Podem capturar girinos com grande habilidade e escalar árvores com facilidade para capturar presas, fugir de predadores, descansar e criar seus ninhos, mesmo assim, vivem preferencialmente no solo.

Apesar de a espécie não ser considerada ameaçada, segundo a IUCN (2012) recentemente sua população parece diminuir, provavelmente devido à caça e a destruição de seu habitat e poluição dos rios.

Olingo

Olingo-Bassaricyon gabbii. Fotografado em Monteverde, Costa Rica por Greg Basco via Wikimedia.

Olingo-Bassaricyon gabbii. Fotografado em Monteverde, Costa Rica por Greg Basco via Wikimedia.

Os olingos são animais pouquíssimo conhecidos, sendo as pesquisas realizadas muito escassas. Muitas discussões foram feitas sobre as diferentes espécies ou subespécies do gênero, porém, em um estudo de 2013 quatro espécies foram definidas, sendo uma delas, descoberta apenas em 2006. No Brasil, apenas a espécie Bassaricyon alleni pode ser encontrada, habitando apenas a Floresta Amazônica.

Os olingos, janaús ou gatiaras são noturnos, arborícolas e onívoros, mas preferencialmente frugívoros. Podem ser encontrados desde a América Central até o norte do Amazonas. São frequentemente confundidos com os juparás, do qual se diferenciam pelo tamanho reduzido e por não terem cauda preênsil.

São muito vulneráveis à degradação de hábitats: a destruição da floresta Amazônica é a maior ameaça à conservação da espécie. Outra possível ameaça é o abate por habitantes da Amazônia, devido a crendices.

Jupará

Jupará (potos flavus). Imagem de Josh More via Flickr

Jupará (potos flavus). Imagem de Josh More via Flickr

Os juparás são pequenos mamíferos arborícolas, noturnos e solitários. São onívoros, mas sua dieta consiste principalmente em frutos. Possuem uma língua expansível de 12 cm que os ajudam a obter frutas e a lamber o néctar das flores, de modo que agem às vezes como polinizadores, além de também serem grandes dispersores de sementes.

São comumente confundidos com os olingos, porém se diferenciam principalmente por sua cauda preênsil. Podem ser encontrados desde a América central até o Norte da Bolívia e Sudeste do Brasil.

Não existem dados precisos sobre seus números populacionais, mas parece ser uma espécie abundante e há registros de que pode se adaptar a ambientes alterados pelo homem. Portanto, a espécie é considerada Menos Preocupante.

Porém, por ser um animal que costuma viver no topo das árvores, pode ser facilmente afetada pelo desmatamento. Além disso, existem relatos de alta mortalidade dos juparás no Sul do Amazonas e no Norte de Rondônia, aparentemente causado por doenças transmitidas por animais domésticos.

Leia mais em:

Rã-bugio: Mão pelada

Caracterização de micro-habitats do guaxinim (Procyon cancrivorus)

Alimentación diurna del mapache cangrejero sobre una rana paradoxal, con una revisión de su dieta

Avaliação do risco de extinção do Jupará Potos flavus (Schreber, 1774) no Brasil

Taxonomic revision of the olingos with description of a new species, the Olinguito

Sampaio, Ricardo. (2013). Avaliação do risco de extinção do Janaú Bassaricyon alleni (O. Thomas, 1880) no Brasil. Biodiversidade Brasileira. 31. 255-259.

Frugivoria e dispersão de sementes por quatis no Parque nas Mangabeiras, Belo Horizonte, MG

Uso do habitat, estrutura social e aspectos básicos da etologia de um grupo de quatis em uma área de Mata Atlântica, São Paulo, Brasil

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