A importância das abelhas
Existem mais de 20 mil espécies de abelhas conhecidas no mundo, podendo ser encontradas em todos os lugares da Terra em que haja flores polinizadas por insetos. Seu tamanho varia desde diminutas espécies de abelhas-sem-ferrão, como a Perdita minima com menos de 2 milímetros, até a Megachile pluto, que pode atingir quase 6 centímetros.
Apesar de todo o medo que muitos criam pelas abelhas, rapidamente as associamos com deliciosos favos de mel, e sua importância como produtora é inegável. Mas, elas também podem fornecer outros produtos importantes como própolis, geleia real e pão de abelha.
Ao visitar flores para recolher pólen e néctar, as abelhas realizam a polinização permitindo que as plantas produzam frutos e sementes. As abelhas são tão essenciais para manter os ecossistemas naturais e para a sustentabilidade da agricultura que dentre as mais de 300 mil espécies de plantas conhecidas atualmente, cerca de 87% dependem da polinização das abelhas.
Mesmo que não sejam os únicos animais polinizadores, as abelhas executam 90% desse serviço e podem aumentar em cerca de 25% a produção das colheitas, e consequentemente dos alimentos que consumimos. Acredita-se, inclusive, que 35% da produção mundial de alimentos dependa de polinizadores, sendo as abelhas responsáveis pela polinização de cerca de 73% das espécies vegetais cultivadas no mundo.
A importância desses insetos fica ainda mais evidente ao considerarmos que dois terços da alimentação dos humanos proveem de plantas polinizadas. Além disso, as abelhas também são fundamentais na produção de biocombustíveis como canola e azeite-de-dendê, de fibras como o algodão e para o crescimento de plantas medicinais.
De cerca das 20 mil espécies de abelhas existentes no mundo, apenas 20 (aproximadamente) são criadas pelo homem para polinização e produção dos produtos apícolas. Porém, durante toda a sua vida – que dura cerca de 45 dias – uma abelha produz apenas 1/12 de uma colher de chá de mel, e para isso, cerca de 5 mil flores precisam ser visitadas. Se uma colônia visita por volta de 225 mil flores por dia, são necesárias cerca de 250 abelhas para encher um único favo, ou seja, é produzido menos de 500 g de mel diariamente.
No país, a importância da polinização prestada pelas abelhas é de grande interesse econômico: as plantações que dependem de polinizadores são responsáveis por mais de US$9,3 bilhões em exportações. Porém, o Brasil é o maior consumidor mundial de agrotóxicos e o uso indiscriminado desses produtos vem preocupando especialistas em relação à perda de polinizadores já que, nossas plantações dependem ainda mais das abelhas para a produção de alimentos.
A fragmentação de habitats, a redução da vegetação nativa e mudanças climáticas vêm contribuindo para a redução das populações de abelhas. Mas o uso não sustentável das plantações e a utilização excessiva de agrotóxicos são consideradas as principais causas da perda de diversidade desses insetos. Isso pode comprometer a capacidade reprodutiva das plantas nativas e a produção agrícola mundial.
Sem a polinização das abelhas, grande parte dos vegetais não produziriam mais frutos ou sementes. Isso não só afetaria a dieta humana, como a de muitos animais que dependem de frutos para sobreviver. Por exemplo, o lobo-guará – que está ameaçado de extinção, ficaria sem um dos seus principais alimentos, os frutos da lobeira.
O medo descabido de abelhas
Para a maioria das pessoas, as abelhas são sinônimo de agressividade e logo nos fazem pensar em ferroadas. Porém, as abelhas não costumam ferroar sem motivo, e sim apenas ao se sentirem ameaçadas. Além disso, no Brasil, existem mais de 300 espécies de abelhas que não possuem ferrão e as abelhas nativas que podem ferroar, não vivem em grandes colmeias.
Portanto, dificilmente haverá um grande enxame correndo atrás de você, como visto em muitos filmes e desenhos. Uma das únicas espécies que podem ferroar e que vive em grupos no Brasil, é a Apis mellifera, uma espécie trazida da Europa e África. Essas, de fato, costumam ser as mais agressivas – quando perto da colmeia, defendem a rainha de qualquer sinal de perigo. Porém, se elas estiverem polinizando as flores, não apresentam risco às pessoas, pois apenas terão que se defender se forem atacadas propositalmente.
A organização e inteligência das abelhas
A maioria das espécies de abelhas são sociais e vivem em colmeias formadas por uma rainha, várias operárias e alguns zangões. As abelhas sociais nativas (abelhas-sem-ferrão), no entanto, podem ter mais de uma rainha. As tarefas são divididas entre as operárias de forma bastante especializada e mudam conforme a idade de cada abelha:
- Faxineiras – responsáveis pela limpeza dos alvéolos e das paredes da colmeia
- Nutrizes – alimentam as larvas
- Engenheiras – constroem os favos
- Guardas – protegem a entrada da colmeia e ventilam o interior, batendo suas asas como um abanador.
- Campeiras – coletam água, pólen e néctar.
Os estudos em abelhas têm mostrado que elas possuem sinais de inteligência. Apesar de o cérebro humano possuir cerca de 100 bilhões de neurônios e os das abelhas, apenas 1 milhão, pesquisadores afirmam que elas são capazes de reconhecer rostos, de contar até quatro e aprender a distinguir cores.
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