Tudo Sobre Animais

Canídeos da América do Sul

Canídeos são todos os animais da família dos lobos , raposas, coiotes e cães . Já conhecemos de certa forma muitos deles, mas existem alguns aqui na América do Sul que diferem de qualquer uma dessas espécies. Por exemplo, lobos são muito diferentes de raposas ou coites, portanto, são classificados em grupos diferentes. Isso também acontece para os animais que serão citados abaixo, que – apesar de seus nomes – não são cães, raposas, coiotes e nem lobos.

Com exceção dos canídeos do gênero Lycalopex, cada um pertence ao seu próprio grupo — sendo os únicos de sua espécie.

1 - Cachorro-vinagre (Speothos venaticus)

Cachorro-vinagre

Imagem de mdherren via Pixabay

Seu nome vem do fato de algumas pessoas considerarem o cheiro de sua urina parecido com o do vinagre.

Possui cabeça, focinho, orelhas e pernas curtas e um corpo roliço. Mesmo sendo um animal pequeno, que pesa de 5 a 8 kg. Por ser extremamente adaptado a ambientes aquáticos, é considerada uma espécie semiaquática — podendo mergulhar e nadar com muita facilidade.

Pode abater animais muito maiores – como queixadas, emas e até mesmo antas. É o único canídeo brasileiro que anda em matilha e por serem animais sociais, as decisões sempre são tomadas em grupo: se um indivíduo quer fazer algo, precisa da aprovação dos outros. Por exemplo, se um dos indivíduos quer levantar e sair depois de descansar e nenhum dos outros membros da matilha o segue, ele retornará e tentaria convencer os outros a seguirem-no — sempre em fila.

O cachorro-vinagre pode ser encontrado na maior parte da América do Sul, com exceção da Argentina, Chile e do Uruguai. No Brasil, apenas não é encontrado no Rio Grande do Sul e em parte da Caatinga. Apesar de estar presente em quase todo o país, é raramente avistado, o que dificulta as estimativas de indivíduos. Ainda assim, a espécie encontra-se ameaçada devido à destruição de seu habitat.

Apesar de ser físicamente muito distinto, acredita-se que seja o canídeo geneticamente mais próximo do lobo-guará.

2 - Graxaim-do-campo (Lycalopex gymnocercus)

Graxaim-do-campo

Imagem de bibianad via Wikimedia CC-BY-SA-4.0

O graxaim é encontrado na Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia. No Brasil, é encontrado apenas em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. É um onívoro oportunista, e se alimenta principalmente de pequenos animais e frutos, mas sua alimentação pode mudar de acordo com o que estiver disponível em seu habitat.

É tolerante à interferência humana, se adaptando bem a áreas rurais. No Brasil, a espécie é protegida por lei e classificada como “pouco preocupante”. Na Argentina, Uruguai e Paraguai o graxaim costumava ser muito caçado, principalmente por sua pele. Apesar de a prática ser proibida, ainda há demanda – mesmo que reduzida. Além disso, também são caçados por serem erroneamente considerados predadores de animais domésticos.

3 - Raposa-do-deserto-peruana (Lycalopex sechurae)

Raposa-do-deserto-peruana

Imagem de David Cook via Flickr CC BY-NC 2.0

É encontrada somente nos desertos da costa norte do Peru. É a menor raposa sul-americana, pesando de 2,5 a 4,5 kg. A raposa-do-deserto-peruana é uma onívora oportunista, portanto, sua dieta pode ter uma grande variação dependendo da estação e da disponibilidade de alimentos — sendo capaz de ser estritamente herbívora se necessário.

Geralmente, se alimenta de cascas de sementes, insetos , frutos, ovos de aves, roedores e carniça. Por habitar desertos, sugere-se que a espécie consiga sobreviver água por longos períodos, ingerindo apenas a água que vem do alimento.

É considerada quase ameaçada de extinção pela perda de habitat e pela caça, já que costuma invadir fazendas e roubar vegetais ou galinhas . Além disso, algumas pessoas ainda usam partes de seu corpo em artesanato, rituais e medicina tradicional.

4 - Raposa-cinzenta-argentina (Lycalopex griseus)

Raposa-cinzenta-argentina

Imagem de Eduardo Schmeda via Wikimedia CC-BY-2.0

Também é conhecida como raposa-da-patagônia ou chilla. Assim como o graxaim-do-campo, é classificado como uma falsa raposa e, da mesma forma, também come o que estiver disponível no momento. Consegue se adaptar a uma grande variação climática, habitando desde o deserto do Atacama passando pelas montanhas nevadas do Chile e Argentina, até a Terra do Fogo – sendo um dos animais que vivem no extremo sul da América do Sul. A espécie encontra-se como “pouco preocupante”, mas é alvo de caçadores por sua pele e por atacar cordeiros.

5 - Raposa-de-darwin (Lycalopex fulvipes)

Raposa-de-darwin

Imagem de Fernando Bórquez from Castro, Chile via Wikimedia CC-BY-SA-2.0

Conhecidas também como graxaim-de-darwin, são animais pequenos, pesando de 1,5 a 4 kg. São encontradas apenas na Ilha Grande de Chiloé e em algumas reservas ambientais do Chile. Estima-se que existam no máximo 2.500 destes indivíduos — sendo considerados um dos carnívoros mais ameaçados de extinção do mundo.

As maiores ameaças à sobrevivência desse animal são a destruição de seu habitat, ataques e doenças transmitidas por cães domésticos e a caça de avicultores, que as consideram uma ameaça às suas galinhas . A espécie encontra-se protegida, portanto, sua caça e captura em todo o Chile é proibida.

6 - Raposa-do-campo (Lycalopex vetulus)

Raposa-do-campo

Imagem de Carlos Henrique Luz Nunes de Almeida via Wikimedia CC-BY-3.0

Raposa-do-campo ou raposinha-do-campo é o único canídeo endêmico do Brasil, ou seja, é encontrado apenas aqui. Habita principalmente o Cerrado e zonas de biomas transicionais a ele.

A raposa-do-campo é uma espécie muito pouco estudada e conhecida, mas sabe-se que se alimenta principalmente de cupins, besouros e gafanhotos. Conforme a disponibilidade da região e a estação, pode comer frutos e pequenos animais.

As principais ameaças à conservação dessa espécie, são – assim como de todos os outros animais aqui citados – a destruição de seu hábitat, retaliação feita por avicultores, atropelamentos e doenças transmitidas por cães domésticos. Cerca de 50% desses animais morrem fora das áreas de conservação por causa humana. A espécie encontra-se listada como “quase ameaçada”.

7 - Raposa-colorada (Lycalopex culpaeus)

Raposa-colorada

Imagem de Mar del Sur via Wikimedia CC-BY-SA-4.0

Raposa-colorada ou graxaim-colorado, também chamado de raposa-andina, lobo-andino ou culpeo, é o segundo maior canídeo da América do Sul — superado apenas pelo lobo-guará. Assim como as outras espécies de raposas ou graxains citados aqui, não é uma raposa nem um lobo – apesar do nome.

Sua dieta também é muito variada, assim como seu habitat. A raposa-colorada está distribuída, em sua maior parte, ao longo da Cordilheira dos Andes, desde o sul da Colômbia até o arquipélago da Terra do Fogo. Já foi encontrada desde regiões litorâneas até 4.500 metros acima do nível do mar. Para se ter ideia, a essa altitude o ar se torna rarefeito e há menos oxigênio, dificultando a respiração. Em todo o mundo, pouquíssimas cidades foram construídas em tamanha altitude.

Alguns povos a caçam por seus pelos, para medicina tradicional e principalmente para diminuir a predação de gado. Apesar de não se sabermos ao certo qual é o tamanho de sua população, é uma espécie considerada pouco preocupante e abundante.

8 - Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous)

Cahorro-do-mato

Imagem de Tambako the jaguar via Flickr CC BY-ND 2.0

Também recebe o nome de raposa-caranguejeira. Pode ser encontrado em toda a América do Sul, com exceção do Chile, Peru e Equador. Três das cinco subespécies de cachorro-do-mato podem ser encontradas no Brasil.

É um onívoro generalista assim como outros canídeos, portanto, acaba tendo um papel importante na preservação do meio ambiente. É um grande dispersor de sementes dos frutos nativos, além de ajudar no controle de insetos, pequenos mamíferos, peixes e caranguejos.

Por ser muito parecido com um cão, foi domesticado por alguns povos antigos da Colômbia, Paraguai e Bolívia, mas atualmente sua criação em cativeiro é proibida.

O cachorro-do-mato é abundante e não está em risco de extinção. Porém, algumas causas de mortalidade desse animal são: doenças transmitidas por cães domésticos, caça ilegal e, principalmente, atropelamentos — sendo um dos mamíferos mais atropelados no Brasil.

9 - Cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas (Atelocynus microtis)

Cachorro-do-mato-de-orelhas-curtas

Imagem de Igor de le Vingne via Wikimedia CC-BY-SA-4.0

Possui uma coloração marrom escura, orelhas curtas de apenas 3 a 5 cm e patas curtas, alcançando apenas 35 cm de altura. Apesar de sua baixa estatura, seu corpo robusto faz com que chegue até os 10 kg, sendo um dos canídeos mais pesados da América do Sul. Diferentemente das outras espécies aqui citadas, apesar de ser onívoro, é preferencialmente carnívoro.

É um animal muito arisco, que costuma habitar matas fechadas e úmidas. Pode ser encontrado na Bolívia, Peru, Equador, Colômbia e no Brasil, apenas na Floresta Amazônica.

Pouco se sabe sobre esse animal. É um dos canídeos mais raros e menos conhecidos do mundo, portanto, não é possível estimar a quantidade de indivíduos com exatidão. Ainda assim, é listada como “quase ameaçada”, devido à crescente perda de habitat, esgotamento de presas (especialmente pelo desmatamento da Amazônia) e transmissão de doenças de cães domésticos.

10 - Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)

Lobo-guará

Imagem de Jonathan Wilkins via Wikimedia CC-BY-SA-3.0

O lobo-guará é o maior, mais exuberante e mais famoso canídeo do Brasil e da América do Sul. Habita as áreas abertas e savanas do Brasil, Paraguai, Argentina e Bolívia.

Pode chegar aos 30 kg e 90 cm até a altura dos ombros (cernelha). Suas pernas longas e finas ajudam-no a se mover de forma ágil em ambientes rochosos e na grama alta.

A dieta do lobo-guará é composta em grande parte por frutos da lobeira – uma planta da família dos tomates – e algumas outras plantas. Por conseguir eliminar as sementes intactas, é um grande dispersor de sementes. Além de plantas, também pode se alimentar de pequenos vertebrados e até mesmo da carcaça de animais maiores.

Apesar de não ser considerado em perigo de extinção, não se sabe a real situação de sua população – portanto, todos os países em que ele habita, o classificam como ameaçado, em maior ou menor grau. Isto se deve a destruição de seu habitat para ampliação da agricultura, atropelamentos, caça e doenças transmitidas por cães domésticos.

Leia mais em:

Canids.org - South America

Lista de canídeos

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