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Conheça os sapinhos pingo-de-ouro

É comum que quando pensemos em sapos , venham a nossa mente os grandes e verruguentos dos quais muitas pessoas prefeririam se manter afastadas. Porém, há mais de 7 mil espécies com tamanhos, hábitos e cores variadas. Todas essas espécies são divididas em 55 famílias; em uma delas, está o gênero Brachycephalus — do qual fazem parte algumas das menores espécies de sapos existentes.

Atrás apenas do Paedophryne amauensis (o menor sapo do mundo com apenas 7 milímetros que vive na Nova Guiné), está Brachycephalus Didactylus, com apenas 1 cm. Esta espécie é popularmente conhecida como sapo-pingo-de-ouro, assim como outras espécies do gênero que tenham cores amarelas e alaranjadas. As cores amarelo, laranja ou avermelhado são geralmente consideradas cores de advertência, ou seja, avisam a potenciais predadores que esses sapos são perigosos se ingeridos. Sua toxicidade, no entanto, só foi estudada em algumas espécies.

Por outro lado, as espécies com cores amarronzadas do gênero são popularmente chamados de sapos-pulga. Independentemente da cor, todas as 36 espécies são consideradas igualmente diminutas, com menos de 2 cm.

Fluorescência

Brachycephalus rotenbergae via Wikimedia Commons cc-by-4.0

Flourescência em B. rotenberg conhecido como sapo-pingo-de-ouro. Imagem de Ivan Nunes, Carla S. Guimarães, Pedro Henrique A. G. Moura, Mariana Pedrozo, Matheus de Toledo Moroti, Leandro M. Castro, Daniel R. Stuginski, Edelcio Muscat via Wikimedia Commons CC-BY-4.0

A fluorescência já foi vista em vários animais marinhos e em algumas aves, mas é extremamente rara em anfíbios , principalmente em sapos . Os sapinhos-pingo-de-ouro das espécies B. pitanga e B. rotenbergae, (até 2019 confundido com o B. ephippium), têm ossos fluorescentes que são visíveis através da fina pele dos indivíduos adultos quando expostos à luz ultravioleta.

Presume-se que por estas espécies serem incapazes de ouvir seus próprios coaxos, desenvolveram ossos fluorescentes como uma nova forma de atrair parceiros. Contudo, não há dados disponíveis de espécies suficientes que possam confirmar esta correlação, e as funções da fluorescência continuam a ser especulativas.

Devido à miniaturização que sofreram durante sua evolução, a composição óssea de seus aparelhos auditivos se tornou subdesenvolvida. Sua comunicação parece depender também de certos movimentos: o inflar do saco vocal ao coaxar, o abrir de sua boca e o balançar de seus braços. Nota-se que, apesar de certas espécies não serem capazes de ouvir seu próprio chamado, podem ouvir sons que estejam fora da frequência de seu coaxo.

Eles não pulam

brachycephalus-pulex, conhecido como sapo-pulga

B. pulex, costumam ter cerca de 8 mm de comprimento, é conhecido popularmente como sapo-pulga. Imagem de Omar Rojas Padilla CC-BY-NC via iNaturalist

Outra peculiaridade dos Brachycephalus associada ao seu tamanho é a redução no número de dedos. Enquanto sapos de outros gêneros costumam ter 4 dedos nas patas de frente e 5 nas de trás, estes sapinhos possuem apenas 2 dedos funcionais nas patas da frente e 3 nas de trás, os demais são atrofiados, quase inexistentes.

Além disso, por não terem também alguns ossos de suas pernas bem desenvolvidos, os sapos-pingo-de-ouro não conseguem pular muito longe, vivendo preferencialmente a caminhar pelo chão de florestas densas e úmidas da Mata Atlântica. Já os chamados sapos-pulga, apesar de serem fisicamente parecidos, pulam com mais facilidade.

Reprodução

Com base nas poucas espécies em que a reprodução foi estudada, constatou-se que, diferentemente de muitas espécies de sapos, as fêmeas põem poucos ovos (cerca de cinco ou menos) e os esconde na terra. Quando eclodem, não nascem girinos, mas sapinhos ainda menores.

Conservação

Brachycephalus ephippium - sapo-pingo-de-ouro

B. ephippium. Sapo-pingo-de-ouro, atinge no máximo 1,97 cm. Imagem de Diogo Luiz CC-BY-SA-4.0 via iNaturalist

Quase todas as espécies de Brachycephalus ocorrem em áreas relativamente pequenas, descobertas apenas no século XXI. Das 36 espécies descritas, apenas 11 foram reconhecidas pela International Union for Conservation of Nature (IUCN) até 2010. Isso se deve ao fato de serem muito parecidos entre si, causando problemas taxonômicos; ou seja, problemas para diferenciar uma espécie da outra, visto que muitas foram separadas principalmente pela cor e textura da pele — características que podem variar de um indivíduo para outro.

Porém, numa revisão feita em 2019, incluíram-se todas as espécies reconhecidas até então, usando definições da IUCN e classificando seus estados de conservação da seguinte forma: 10 espécies com deficiência de dados (sem dados suficientes para serem mensurados), 5 classificadas como menos preocupantes, 10 como vulneráveis, 5 em perigo e 6 em perigo crítico.

Duas das espécies classificadas como com deficiência de dados, não foram registradas desde suas descrições científicas originais, sendo desconhecidos em vida. Porém, em 2020 uma dessas espécies foi redescoberta, após 100 anos sem qualquer avistamento. O B. bufonoides foi encontrado vivendo (muito bem, obrigado!) na região da Área de Proteção Ambiental de Macaé de Cima, em Nova Friburgo-RJ.

Embora algumas espécies com alcance restrito tenham áreas bem protegidas nas reservas, muitas não têm e correm perigo. Suas pequenas distribuições as tornam altamente vulneráveis à perda de habitat — devido às mudanças climáticas, incêndios florestais e desmatamento para a criação de gado e agricultura.

Leia mais em:

Rediscovery of the toadlet Brachycephalus bufonoides Miranda-Ribeiro, 1920 (Anura: Brachycephalidae) with osteological and acoustic descriptions

Evidence of auditory insensitivity to vocalization frequencies in two frogs

Intense bone fluorescence reveals hidden patterns in pumpkin toadlets

Morphology and development of additional bony elements in the genus Brachycephalus (Anura: Brachycephalidae)

Conservation Status of Brachycephalus Toadlets (Anura: Brachycephalidae) from the Brazilian Atlantic Rainforest

Breeding Behavior of the Pumpkin Toadlet, Brachycephalus ephippium (Brachycephalidae)

Diet of Brachycephalus brunneus (Anura: Brachycephalidae): in the Atlantic Rainforest of Paraná, southern Brazil

Hidden by the name: A new fluorescent pumpkin toadlet from the Brachycephalus ephippium group (Anura: Brachycephalidae)

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