A variedade das salamandras
As salamandras estão entre os seres mais antigos da Terra. Seus fósseis mais antigos foram encontrados na China e na Mongólia, e datam de 165 milhões de anos. Até o momento, cerca de 450 espécies foram descobertas, podendo ter desde 3 centímetros (com a cauda) até 1,5 m e 65 kg – como é o caso da salamandra-gigante-da-china.
As salamandras são anfíbios tipicamente caracterizados pelo seu corpo semelhante ao de um lagarto. Porém, sua pele não tem escamas e assim como a de muitos outros anfíbios, é macia, fina e permeável. Um fator importante para sua respiração são as glândulas que sua pele produz para mantê-la sempre úmida, funcionando como uma membrana respiratória e para a termorregulação.
A camada viscosa em sua pele também a mantém protegida contra fungos, infecções bacterianas, torna o animal escorregadio e mais difícil de ser capturado e reduz a fricção ao nadar, além de produzir secreções repelentes ou tóxicas para seus predadores – que costumam ser aves , cobras , tartarugas , peixes e outros anfíbios . A pele pode ter cores monótonas ou vivas, exibindo vários padrões de listras, pontos ou manchas.
As salamandras são caçadoras oportunistas, geralmente não se limitam a um tipo de alimento em particular e comem quase todos os animais que couberem em suas bocas. As terrestres possuem uma língua pegajosa, quase do comprimento de seu próprio corpo e capturam suas presas esticando-as em uma fração de segundos, assim como os sapos e camaleões.
Grande parte das salamandras, inclusive seus filhotes na fase larval, possuem pequenos dentes. As larvas (girinos) de salamandras normalmente possuem três pares de brânquias externas, cauda achatada lateralmente, barbatana dorsal e ventral, e corpo longo. Porém, a maioria das salamandras sem pulmões, como a que são encontradas no Brasil, já nascem como versões menores dos adultos, não passando pela fase de girinos.
A maior parte das salamandras habita a América do Norte, Europa e Ásia, e apenas uma família – a Plethodontidae – pode ser encontrada na América do Sul. Pertencem a essa família, as salamandras neotropicais do gênero Bolitoglossa que constituem cerca de um quinto de todas as espécies conhecidas, mas apenas cinco espécies habitam o Brasil.
As salamandras encontradas no Brasil podem ter de 6 a 12 cm e, como todos os membros de sua família, não possuem pulmões. Elas respiram através da pele e dos tecidos ligados à boca já que a pele faz o trabalho dos pulmões e suas narinas não são usadas para respirar, mas apenas para detectar cheiros.
Devido a isso, as salamandras se deparam com o desafio de remover água e detritos das passagens nasais, o que pode dificultar significativamente o olfato. Para isso, possuem uma fenda vertical entre a narina e o lábio superior, conhecida como “sulco nasolabial”, — que ajuda na drenagem do nariz.
As salamandras são os únicos vertebrados capazes de regenerar tecidos e órgãos complexos, como membros perdidos ou outras partes afetadas de seus corpos, e cada família possui seu próprio modo de regeneração. Pesquisadores da área pretendem fazer engenharia reversa de seus incríveis processos regenerativos para desenvolver aplicações médicas humanas, como o tratamento da medula espinhal, de lesões cerebrais ou prevenir cicatrizes.
Três destas cinco espécies endêmicas, foram descobertas apenas em 2013. Até o momento, não foi possível estimar o tamanho da área em que as populações destas espécies estão distribuídas para saber se correm risco de extinção. Apenas a espécie B. paraensis, consta na lista de espécies ameaçadas do estado do Pará.
Apesar de o status das outras espécies serem desconhecidos, muitas mostram um declínio significativo em seus números desde o final do século 20. O desmatamento, a poluição, doenças e mudanças climáticas são as causas que mais influenciam para esse declínio. Várias iniciativas de conservação estão sendo praticadas em todo o mundo, sendo algumas delas por meio da inseminação artificial em salamandras e também por meio da educação e conscientização ambiental.
Leia mais em:
The Local Distribution and Ecology of the Plethodontid Salamanders of the Southern Appalachians
Missing Parts? Salamander Regeneration Secret Revealed
The Function of the Naso-Labial Groove of Plethodontid Salamanders