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A dentição das serpentes

Todas as serpentes podem morder, mas apenas as peçonhentas podem picar e injetar veneno em suas vítimas. As não peçonhentas, ainda que algumas espécies produzam veneno, não são capazes de injetá-lo. As serpentes peçonhentas possuem dois métodos de injeção de veneno, dependendo da espécie. Algumas possuem fendas que direcionam o veneno das glândulas produtoras até a ferida causada pela mordida, enquanto os dentes de outras, são ocos, permitindo que o veneno passe dentro do canal e seja diretamente injetado no ferimento.

Existem quatro tipos de dentição de serpentes, diferenciados pela presença, ausência e localização de presas inoculadoras de peçonha. Essa diferença também é determinante em relação ao perigo que cada espécie oferece aos humanos em caso de acidente.

Áglifa

À esquerda, um crânio de uma píton-reticulada e à direita uma píton-real. Ambas possuem dentição áglifa. Imagens de Ryan Somma e Charlie J via Flickr

À esquerda, um crânio de uma píton-reticulada e à direita uma píton-real. Ambas possuem dentição áglifa. Imagens de Ryan Somma e Charlie J via Flickr

Na dentição áglifa não há dentes especializados para injetar veneno, todos são parecidos em forma e muitas vezes em tamanho. Quando os dentes variam em tamanho, não variam em forma.

Algumas serpentes com dentição áglifa possuem veneno, mas como não possuem presas injetoras, não são peçonhentas. Nos raros casos em que há acidentes, é necessário tratar apenas da mordida e de complicações provenientes de possíveis infecções na ferida e não do veneno. Para se alimentar, essas cobras geralmente abatem as presas por constrição. Alguns exemplos de serpentes com dentição áglifa são as jiboia, sucuris e dormideiras.

Opistóglifa

À esquerda, o crânio de uma hognose ocidental. À direita é possível ver as presas no fundo da boca de uma cobra-rateira. Ambas são serpentes opistóglifas. Imagens de Moleke via wikimedia e José María Escolano via Flickr

À esquerda, o crânio de uma _hognose_ ocidental. À direita é possível ver as presas no fundo da boca de uma azulão-boia. Ambas são serpentes opistóglifas. Imagens de Moleke via wikimedia e Andy Morffew via Flickr

A dentição opistóglifa é caracterizada por um par de dentes aumentados na parte de trás do maxilar que podem injetar veneno. Normalmente são inclinados para trás e sulcados para canalizar o veneno durante a mordida.

Para envenenar a presa, uma cobra com dentição opistóglifa precisa mover a presa para a parte de trás de sua boca e depois penetrá-la com suas presas, o que é bastante difícil com presas grandes – embora elas possam mover as pequenas com bastante rapidez.

Devido à dificuldade de morder um humano com presas localizadas no fundo da boca, muitas vezes essas cobras são consideradas não-peçonhentas. Porém, apesar de raros, acidentes graves com essas serpentes não são impossíveis. Algumas serpentes com esta dentição são a muçurana, a cobra-cipó e a algumas falsas-corais.

Solenóglifa

À esquerda o crânio de uma víbora-do-Gabão. À direita é possível observar os dentes de uma víbora-de-lábios-brancos. Ambas são serpentes solenóglifas. Imagens de Stefan3345 via Wikimédia e tontantravel via Flickr

À esquerda o crânio de uma víbora-do-Gabão. À direita é possível ver os dentes de uma víbora-de-lábios-brancos. Ambas são serpentes solenóglifas. Imagens de Stefan3345 via Wikimédia e tontantravel via Flickr

As serpentes com esta dentição possuem dois dentes retráteis na parte anterior da boca. Cada dente possui um canal interno que direciona o veneno diretamente de sua glândula produtora, como uma agulha.

Essas serpentes conseguem abrir sua boca quase 180 graus e os dentes, com até metade do comprimento de sua cabeça, se projetam para frente no momento do ataque até uma posição que lhes permita penetrar profundamente na presa, mesmo em uma mordida rápida. Este sistema é altamente especializado e permite que injetem grandes quantidades de veneno.

No Brasil, esta forma de dentição é única para as víboras, como as cascavéis, jararacas, e a surucucu-pico-de-jaca. Todas as serpentes com dentição solenóglifa são consideradas perigosas, podendo causar graves acidetes em humanos.

Proteróglifa

À esquerda o crânio de uma cobra-real e a direita é possível ver os dentes de uma cabeça-de-cobre. Ambas possuem dentição proteróglifa. Imagens de Moleke via Wikimedia e Tom Calton via Flickr

À esquerda o crânio de uma cobra-real e a direita é possível ver os dentes de uma cabeça-de-cobre. Ambas possuem dentição proteróglifa. Imagens de Moleke via Wikimedia e Tom Calton via Flickr

Serpentes com este tipo de dentição têm como características a cabeça um pouco mais curta e poucos dentes. Possuem dois dentes especialmente fortes na parte da frente do maxilar superior, com fendas que facilitam a condução da peçonha.

Seus dentes são fixos, não se movendo como na dentição solenóglifa. As serpentes com dentição proteróglifa fazem parte da família dos elapídeos, como a cobra-coral e as najas. As cobras com este tipo de dentição também são perigosas e podem causar acidentes graves em humanos.


Mesmo que as serpentes tenham desenvolvido diferentes especializações quanto à dentição e o uso do veneno durante sua evolução, todas possuem dentes inclinados para trás para impedir a fuga da presa. A forma, tamanho e localização dos dentes variam para cada gênero, família ou espécie e interferem no comportamento de cada uma delas.


Leia mais em:

Análise comparativa dos diferentes tipos de dentição em serpentes

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