Tudo Sobre Animais

Corujas do Brasil

As corujas são frequentemente associadas ao mistério, misticismo e medo, vistas por muitos como criaturas de mau agouro. Especialmente devido a serem aves silenciosas que só aparecem à noite e ficam à espreita com seus grandes olhos, ,uitos mitos influenciaram a concepção sobre esses animais — por exemplo, o que diz que a rasga-mortalha anuncia a morte.

Embora algumas tribos indígenas também as vejam como aves agourentas ou almas penadas, outros povos as veem como espíritos protetores, animais sagrados que trazem boa sorte ou símbolos da sabedoria.1

De fato, as corujas são animais que nos cativam com sua aparência e cantos curiosos. Mas, longe de estarem associadas a mitos, as particularidades físicas dessas aves existem para apenas um propósito – serem exímias caçadoras.

Visão e audição apuradas

As corujas são animais altamente visuais e usam seus aguçados olhos para caçar tanto de dia quanto à noite — a depender da espécie. Embora não sejam capazes de enxergar no escuro total, possuem <i>tapetum lucidum</i> (uma membrana ocular que reflete a luz) e uma grande pupila que permite que mais claridade entre em seus olhos. Dessa forma, conseguem enxergar de 2 a 7 vezes mais do que os humanos em ambientes escuros.2

As corujas se diferem de outras aves principalmente por ter seus olhos voltados para frente, o que favorece a percepção de profundidade. Mas tal posicionamento ocular torna sua visão limitada quando comparada à de outras aves que possuem olhos nas laterais da cabeça. Apesar disso, corujas podem compensar tal perda no campo visual por conseguirem virar o pescoço em até 270°.3

Por serem incapazes de mover os olhos, todas as aves precisam mexer a cabeça constantemente para compensar seus pontos cegos. As corujas, no entanto, têm uma maior deficiência em seu campo de visão e precisam se movimentar mais.4 2 Além disso, as corujas podem visualizar pequenos roedores a uma grande distância, mas são incapazes de enxergar definidamente qualquer coisa muito próxima aos seus olhos.5

Foco em disco facial de um mocho-dos-banhados

Disco facial de um mocho-dos-banhados. Imagem de Tim Ellis sob a licença CC BY NC 2.0 via flickr

A audição das corujas também é muito bem desenvolvida, ao ponto de muitas vezes ser mais importante do que a visão durante a caça. Apesar de não enxergarem na escuridão total, a audição dessas corujas é tão boa, que são capazes de caçar se orientando apenas pelo som emitido por suas presas ao caminhar.

Em muitas espécies, as penas da face formam um disco ao redor dos olhos ou de todo o rosto, chamado “disco facial” que amplifica o som e ajuda a canalizá-lo para as laterais do rosto, onde ficam seus ouvidos. Estas penas são tão importantes que sua remoção ocasionaria prejuízos à audição.

A forma do disco pode ser ajustada conforme a necessidade, a fim de canalizar melhor o som aos ouvidos.3 Corujas dos gêneros Tyto e outros cinco gêneros da família Strigidae (Bubo, Strix, Aegolius, Pseudoscops e Asio) possuem ouvidos assimétricos, tanto em forma, quanto em posição ou tamanho. Essa característica permite distinguirem pequenas diferenças nos sons ao seu redor e saberem a localização exata de suas presas.2

Muitas espécies têm tufos semelhantes a orelhas no alto da cabeça. Porém, estes não estão relacionadas com a audição — servindo apenas para ornamentação, camuflagem, comunicação visual e reconhecimento entre espécies.4

Voo e caça

Embora sejam mais lentas do que outras aves de rapina, as corujas têm a capacidade de voar quase sem fazer barulho. As pontas de suas asas possuem pequenas cerdas que ajudam no direcionamento do ar, na redução de barulho e na turbulência. Também possuem uma composição macia que abafa o som emitido ao bater as asas. Tal adaptação auxilia na caça, possibilitando que se aproximem de suas pressas sem serem percebidas.2 4

As corujas costumam se alimentar de pequenos mamíferos, insetos, aves e alguns répteis. Após capturar e matar a presa com suas potentes garras, engolem-nas inteiras, e apenas as despedaçam se forem muito grandes para serem engolidas de uma vez.

Devido a sua biologia, as corujas não conseguem digerir ossos e pelos, sendo assim, regurgitam diariamente uma ou duas bolas com os restos de suas refeições.4

A diversidade das corujas do Brasil

Existem cerca de 220 espécies de corujas espalhadas por todo o mundo, com exceção das calotas polares e em ilhas remotas. No Brasil, existem aproximadamente 23 espécies de corujas muito diversas entre si, podendo ter desde as 60 g do caburé-miudinho, até os mais de 2 kg da jacurutu. São encontradas em todos os biomas do nosso país, mas a maior variedade se encontra na Mata Atlântica da região Sul e Sudeste, com até 17 espécies. Já nos Pampas e na Caatinga, são encontradas de 7 a 9 espécies.

Todas essas espécies são divididas em duas famílias — Tytonidae e a Strigidae. Faz parte da primeira apenas a suindara; à segunda, pertencem os caburés, jacurutus, murucututus, mochos e corujinhas.6 4

Tytonidae

Suindara (Tyto furcata)

Suindara, rasga-mortalha

Suindara (Tyto alba)

As corujas da família Tytonidae são algumas das aves mais bem distribuídas no mundo, encontradas em todos os continentes com exceção da Antártica. Costumam viver em áreas abertas e semiabertas como campos, cerrados e pradarias. É encontrada em todo o Brasil, principalmente no Sul e Sudeste e, em menor ocorrência, na Floresta Amazônica.

Das cerca de 17 espécies dessa família distribuídas pelo mundo, somente a Tyto furcata, conhecida como suindara ou rasga-mortalha habita o Brasil. A Tyto furcata foi considerada como sinônimo da Tyto alba até 2008, porém, após analisadas várias diferenças genéticas, passou a ser uma espécie independente.

O número de subespécies é incerto, podendo variar de 4 a 10. No Brasil, consideram-se duas subsespécies: a T. f. hellmayri e a T. f. Tuidara. Apesar de essas duas subespécies se diferenciarem principalmente pela cor e tamanho, alguns estudiosos não as consideram espécies distintas e mais análises genéticas precisam ser feitas para uma definição mais precisa.

Podem chegar a pouco mais de um metro de envergadura e são consideradas corujas de tamanho médio. É uma ave facilmente adaptável, encontrada tanto em ambientes rurais quanto urbanos, podendo frequentemente construir seus ninhos no alto de igrejas, prédios e sótãos. São facilmente reconhecidas por sua cara arredondada, que possui uma delimitação feita por suas penas, tornando-a semelhante ao formato de um coração ou de uma maçã cortada ao meio. 7 8 9

Strigidae

Corujinhas (Megascops)

Corujinha-do-mato (M. choliba)

Corujinha-do-mato (M. choliba). Imagem de Adrian Braidotti sob a licença CC BY NC 4.0 via iNaturalist

As corujas do gênero Megascops são nativas das Américas. Estão distribuídas em 23 espécies, das quais seis estão distribuídas por todo o Brasil. São conhecidas como corujinha-do-mato (M. choliba), corujinha-orelhuda (M. watsonii), corujinha-relógio (M. usta), corujinha-sapo (M. atricapilla), corujinha-do-sul (M. sanctaecatarinae) e corujinha-de-roraima (M. guatemalae).

Todos os membros deste gênero são ágeis, compactos e pequenos, medindo entre 17 e 30 cm de comprimento – variando conforme a espécie. Possuem pequenos tufos de penas acima da cabeça.

As corujas desse gênero são difíceis de serem diferenciadas à primeira vista até mesmo por especialistas, mas podem ser identificadas principalmente pelas diferentes vocalizações entre cada espécie.10 Apesar de o mesmo método de identificação baseado nas diferentes vocalizações ser considerado para as corujinhas-orelhudas e corujinhas-relógios, muitos autores as consideram a mesma espécie.11

Coruja-de-crista (Lophostrix cristata)

Coruja-de-crista

Coruja-de-crista (Lophostrix cristata). Imagem de Dominic Sherony sob a licença CC BY SA 2.0 via flickr

Apenas uma espécie pertence a este gênero, a coruja-de-crista (Lophostrix cristata). Mede cerca de 40 cm de comprimento e possui uma característica plumagem branca na cabeça e nos penachos. Quando perturbada, ergue seus penachos formando um “V” que contrasta com a plumagem castanha. Outra característica notável dessa espécie é seu canto rouco e gutural.

A coruja-de-crista está presente na América Central e do Sul. No Brasil, é encontrada apenas na Floresta Amazônica, onde costuma empoleirar-se em galhos próximos a rios e lagos.12

Murucututus (Pulsatrix)

Murucututu (P. perspicilla)

Murucututu (P. perspicilla). Imagem de Arley Vargas sob a licença CC BY ND NC 2.0 via flickr

Além de serem facilmente identificados por seu canto característico, os murucututus têm a cabeça preta com uma marca em cruz que define o centro da face acima do bico e entre os olhos.

Existem três espécies de murucutus, sendo duas encontradas no Brasil – o murucututu-de-barriga-amarela (P. koeniswaldiana) e o murucutu (P. perspicillata) que possui cinco ou seis subespécies, sendo duas encontradas no Brasil: P. p. perspicillata e a P. p pulsatrix. Porém, considerando diferenças no canto e na plumagem, aP. p pulsatrix é considerada por alguns autores como uma quarta espécie, denominada Pulsatrix pulsatrix. No entanto, outros autores consideram que os dados analisados são insuficientes para que uma separação seja feita, deixando sua classificação incerta.13

Os murucutus (P. perspicillata) são encontrados aem todo o país. Já os murucutus-de-barrigas-amarelas (P. koeniswaldiana), são encontrados em grande parte da Mata Atlântica, mas principalmente no Sudeste.14 São corujas com mais de um quilo e que medem de 40 a 55 cm de comprimento, sendo as de barriga amarela, menores e mais leves.

Jacurutu (Bubo virginianus)

Jacurutu (B. virginianus)

Jacurutu (B. virginianus). Imagem de Josh More sob a licença CC BY NC ND 2.0 via flickr

O jacurutu, também conhecida como jucurutu, mocho-orelhudo e corujão-orelhudo, é a maior coruja do Brasil e uma das maiores das Américas, medindo até 60 cm de comprimento e podendo alcançar mais de 2,5 kg.15 Além de seu tamanho, destaca-se por seus grandes tufos de penas no alto da cabeça.

É uma coruja extremamente adaptável, habitando áreas semiabertas, cerrados, áreas rochosas ou regiões rurais16 sendo, é uma das espécies mais bem distribuídas do continente. Apesar de poucos avistamentos na Caatinga, é encontrada em todo o Brasil — com exceção da Floresta Amazônica.

Mochos (Asio)

Mocho-diabo (A. stygius)

Mocho-diabo (A. stygius). Imagem de Rick Collins sob a licença CC BY NC 4.0 via iNaturalist

São corujas de tamanho médio a grande que medem entre 30 e 45 cm. Vivem próximas a campos, pastagens e áreas urbanas bem arborizadas. O gênero Asio é composto por nove espécies espalhadas em grande parte do mundo, sendo uma das aves com maior distribuição geográfica. No Brasil, há três espécies distribuídas em todo o país, encontradas principalmente no Sul, Sudeste e Centro-Oeste e em menor frequência, na Floresta Amazônica.

A coruja-orelhuda (Asio clamator) tem grandes tufos no alto da cabeça – como indica seu nome. Também é chamada de mocho-orelhudo, e coruja-listrada. O mocho-diabo (Asio stygius), recebe tal nome pelos tufos de penas negras que ficam totalmente eretas no topo da cabeça quando alarmada – lembrando chifres. Além disso, quando em contraste com a luz, seus olhos podem refletir uma cor avermelhada, o que pode dar uma aparência incomum.

O Mocho-dos-banhados (Asio flammeus) é a mais diferente das corujas do gênero: possui pequenas orelhinhas no topo da cabeça, difíceis de serem vistas, é parcialmente diurna, e sua dieta é composta quase exclusivamente de ratos.

Corujas (Strix)

Coruja-do-mato (S. virgata)

Coruja-do-mato (S. virgata). Imagem de tamarindo1 sob a licença CC BY NC 4.0 via iNaturalist

Existem cerca de 22 espécies de corujas do gênero Strix espalhadas ao redor de todo o mundo. São consideradas de tamanho médio, com comprimento entre 30 e 40 cm. No Brasil, há apenas três espécies muito pouco conhecidas: a coruja-listrada (S. hylophila), presente na Mata Atlântica das regiões Sul e Sudeste; a coruja-do-mato (S. virgata) e a coruja-preta (S. huhula), que habitam todo o Brasil — mas, principalmente a Mata Atlântica do Sul e Sudeste.

A coruja-do-mato e a coruja-listrada podem ser diferenciadas pelas estrias no peito, horizontais na coruja-listrada, e verticais na coruja-do-mato. A coruja-listrada é uma das poucas espécies de corujas brasileiras listadas como “Quase Ameaçada” na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Já a coruja-preta está classificada em diferentes níveis de ameaça segundo cada estado — segundo o ICMBIO (2014).17

Coruja-buraqueira (Athene cunicularia)

Coruja-buraqueira (A. cunicularia)

Coruja-buraqueira (A. cunicularia). Imagem de Alexis sob a licença CC BY NC 4.0 via iNaturalist

É a coruja mais conhecida e abundante do Brasil, sendo encontrada em todo o território nacional, tanto em áreas rurais quanto urbanas, mas em menor número em regiões densamente florestadas como a Floresta Amazônica. É uma coruja pequena, medindo entre 20-25 cm de comprimento.

Diferentemente da maioria das corujas aqui mencionadas, é ativa tanto durante o dia quanto à noite. Além disso, têm o hábito incomum de habitar e botar seus ovos em tocas no solo. Se alimenta principalmente de insetos, aracnídeos e, em menor frequência, pequenos vertebrados.18

Caburés (Glaucidium)

Caburé-miudinho (G. minutissimum)

Caburé-miudinho (G. minutissimum). Imagem de Rodrigoycastro sob a licença CC BY NC 4.0 via iNaturalist

São algumas das menores corujas do mundo, variando entre 15 e 20 cm. São parcialmente diurnas e possuem distintos “olhos-falsos” na nuca, que servem para confundir suas presas (principalmente aves).

Existem aproximadamente 30 espécies reconhecidas e distribuídas ao redor do mundo. No Brasil, são conhecidas apenas quatro, mas uma delas, o caburé-de-pernambuco (G. mooreorum), foi declarada extinta em 2014.19

O caburé-da-amazônia (G. hardyi) vive na Floresta Amazônica.20 Já o caburé-miudinho (G. minutissimum) está presente apenas na Mata Atlântica.21 O caburé (G. brasilianum) é distribuído por todo o Brasil, mas em menor frequência na Floresta Amazônica.22 Devido ao seu tamanho reduzido e ao hábito de viver nos dosséis das árvores, são corujas difíceis de serem vistas mesmo durante o dia; portanto, são espécies pouco estudadas.

Caburé-acanelado (Aegolius harrissii)

Caburé-acanelado (A. harrissii)

Caburé-acanelado (A. harrissi). Imagem de André Adeodato sob a licença CC BY NC 4.0 via iNaturalist

Embora seja chamado caburé, pertence um gênero diferente das corujas mencionadas acima. Apesar de habitar toda a região oriental do Brasil, principalmente no Sudeste (onde habitam florestas abertas, cerrados e campos), é uma espécie difícil de ser encontrada; portanto, seu comportamento e hábitos são pouco conhecidos.23

Mede de 17 a 25 cm e pesa entre 57 152 g — sendo as fêmeas maiores e mais pesadas. É facilmente reconhecivel por sua cor castanha-clara e a faixa preta nos olhos e embaixo do bico.

Há três subespécies, porém somente a Aegolius harrisii iheringi habita o Brasil.

Conservação

Assim como outros predadores do topo da cadeia alimentar, as corujas ajudam a controlar as populações de insetos e roedores tanto em ambientes naturais quanto em ambientes alterados pelo homem – dado que podem consumir milhares desses animais ao longo do ano. Por atuarem no controle de pragas, a preservação dessas aves é extremamente importante. 2

Grande parte das causas de mortes não-naturais dessas aves decorrem da caça, intoxicações por agrotóxicos, colisões contra janelas, atropelamentos e acidentes em cercas elétricas e arame farpado. Além disso, a degradação de seu ambiente natural também reduz drasticamente seus números, principalmente das espécies que vivem em florestas.6 4

Apesar de a maioria das corujas estar listada como “Menos Preocupante” na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), muitas ainda são perseguidas e mortas, principalmente as mais comuns e que vivem próximas do homem, como a suindara – um grande alvo de crendices sobre maus agouros. A conscientização e divulgação de informações corretas sobre esses animais é uma parte importante para desmistificar e colaborar com a sobrevivência das corujas.

Leia mais em:


  1. Aves de Rapina Brasil - Corujas e os mitos que as cercam  ↩︎

  2. ResearchGate - Handbook of the Birds of the World, Vol. 5. Barn-owls to Hummingbirds  ↩︎

  3. Springer - Perception and Motor Control in Birds  ↩︎

  4. Corujas Brasileiras  ↩︎

  5. ScienceDirect - A schematic eye for the rat  ↩︎

  6. Aves de Rapina Brasil - Corujas do Brasil  ↩︎

  7. Aves de Rapina Brasil - Suindara  ↩︎

  8. WikiAves - Suindara  ↩︎

  9. ResearchGate - Phylogeny, biogeography, and diversification of barn owls  ↩︎

  10. WikiAves - Megascops  ↩︎

  11. WikiAves - Corujinha-relógio  ↩︎

  12. WikiAves - Coruja-de-crista  ↩︎

  13. Aves de Rapina Brasil - Murucututu  ↩︎

  14. Aves de Rapina Brasil - Murucututu-de-barriga-amarela  ↩︎

  15. Aves de Rapina Brasil - Jacurutu  ↩︎

  16. All About Birds - Great Horned Owl  ↩︎

  17. Aves de Rapina Brasil - Coruja-preta  ↩︎

  18. Aves de Rapina Brasil - Coruja-buraqueira  ↩︎

  19. IcmBio - Lista de fauna ameaçada  ↩︎

  20. Aves de Rapina Brasil - Caburé-da-amazônia  ↩︎

  21. WikiAves - Caburé-miudinho  ↩︎

  22. WikiAves - Caburé  ↩︎

  23. WikiAves - Caburé-acanelado  ↩︎

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