Tudo Sobre Animais

Por que existem diferentes tipos de olhos?

Cada tipos de olho tem diferenças importantes na funcionalidade da visão animal. Todos os vertebrados e cefalópodes possuem pupilas que contraem ou relaxam em resposta aos níveis de luz ambiente. Essa ação, permite-lhes ajustar o foco segundo a intensidade da luz.

Os olhos são constituídos por células fotorreceptoras, bastonetes e cones. A quantidade de cores que um animal pode ver, se pode enxergar no escuro ou não, e o quão bem consegue distinguir imagens dependem da quantidade de cada uma dessas células em seus olhos. As células fotorreceptoras captam a luz que chega à retina, permitindo assim que o cérebro reconheça imagens. Os bastonetes são células da retina que detectam os níveis de luminosidade — são basicamente responsáveis pela visão noturna e periférica e detectam apenas tons de branco, preto e cinza. Os cones, por sua vez, podem reconhecer as cores.

Muitos vertebrados — se não todos — possuem também membranas nictitantes, responsáveis por proteger os olhos e auxiliar na sua limpeza. É uma fina e transparente cartilagem que geralmente, sai lateralmente do canto interno dos olhos que e os cobrem totalmente quando necessário. Nos humanos, essa membrana perdeu suas funções originais e se tornou apenas uma pequena protuberância cor-de-rosa no canto interno dos olhos.

Membrana nictitante em socó-dorminhoco jovem

Socó-dorminhoco jovem cobrindo os olhos com a membrana nictitante. Imagem de Alpsdake via Wikimedia Commons

Existem apenas três tipos principais de pupilas: as pupilas alongadas horizontalmente, as redondas e as alongadas verticalmente (em forma de fenda). Observe de perto os olhos de um gato doméstico e verá pupilas parecem fendas verticais. Já um tigre tem pupilas redondas — como os humanos. Nos olhos dos ungulados (animais com cascos) as pupilas são horizontais.

A forma da pupila pode estar intimamente relacionada ao tamanho do animal, à maneira que caça, ou se é uma presa. As pupilas alongadas (quer vertical ou horizontalmente), por exemplo, podem ter um alcance maior do que as pupilas que mantêm a forma circular e são vantajosas para as espécies que dependem da visão tanto de dia quanto a noite.

Pupilas horizontais

A pupila horizontal de uma cabra (ungulado)

Pupila horizontal de uma cabra. Imagem de Marysloa via flickr

Animais com pupilas horizontais como os cavalos normalmente têm os olhos posicionados nas laterais dos rostos, dando uma visão panorâmica que os ajudam a se manterem alerta todo o tempo — já que são mais suscetíveis a serem presas fáceis. Costumam ficar com a cabeça abaixada pastando, porém, com o olhar sempre alinhados ao horizonte, vigiando constantemente seus arredores.

A noção de profundidade não é tão precisa como nos humanos ou felinos, mas a sua perspicácia é suficiente para poderem julgar muito bem a altura e distância de qualquer coisa. No entanto, possuem dificuldade para enxergar à noite, já que seus olhos não são tão adaptados para captar luzes fracas como os gatos.

De fato, cavalos , por exemplo, têm metade da capacidade de enxergar à noite do que um humano. No entanto, andar sempre em bando faz com que isso não seja um grande problema afinal, há muitos olhos para vigiar e ajudar a se protegerem de possíveis predadores.

Além dos ungulados, os polvos e várias espécies de lulas , são os únicos invertebrados que possuem pupilas horizontais. Sua visão é surpreendentemente boa mesmo debaixo d’água, além de quase não ter pontos cegos.

Pupilas verticais

Olho de um jacaré

Pupilas verticais de um jacaré. Imagem de Don Burkett via flickr

A pupila vertical é perfeita para aprimorar a noção de profundidade dos predadores de emboscada. Seus olhos apenas conseguem dar nitidez às formas mais próximas em que estão focados no momento, e essa falta de nitidez de certa forma ajuda a estimar a distância em que um objeto ou presa está.

Animais com pupilas em forma de fenda conseguem aumentar e diminuir o tamanho da abertura de seus olhos muito mais se comparadas às pupilas redondas ou horizontais. Isso acontece por serem animais ativos tanto de dia quanto de noite, e seus olhos precisam se dilatar o suficiente para que a pouca luz de ambientes escuros entre com mais facilidade e assim enxergarem apropriadamente em lugares pouco iluminados.

Quando há luz suficiente no ambiente e podem enxergar claramente, a passagem de luz é reduzida e as pupilas se fecham formando uma pequena fenda. Estas pupilas podem ser vistas em animais como raposas, vários répteis e anuros . Além disso, esse formato está presente principalmente em animais baixos — o que poderia explicar porque lobos , e grandes felinos possuem pupilas redondas.

Pupilas redondas

Olhos redondos de uma onça-pintada

Olhos redondos de uma onça-pintada. Imagem de Martinus Scriblerus via flickr

Nos mamíferos, pupilas redondas parecem ser relacionadas a animais maiores e/ou que mantêm seu campo de visão acima da linha do horizonte. As pupilas redondas também permitem que mais luz entre nos olhos, contribuindo com a visão noturna.

Porém, apenas a dilatação da pupila não é o suficiente para a visão noturna que os grandes caçadores precisam, a quantidade de bastonetes também é essencial. Os leões, por exemplo, possuem muito mais bastonetes do que os humanos, o que significa que seus olhos conseguem captar muito mais luz e enxergar muito melhor durante a noite.

Além disso, pupilas redondas também são associadas a caçadores que perseguem ativamente suas presas, como é o caso dos lobos e humanos. Mas essa teoria ainda não foi comprovada.

Outros animais com as pupilas redondas são os peixes e as aves . Muitas espécies de peixes têm ótima visão de perto; alguns, como o peixe-arqueiro, podem até mesmo distinguir rostos. O cristalino dos peixes também é capaz de formar imagens nítidas e sem a distorção causada pela refração da luz na água.

Os peixes também possuem uma característica que difere seus olhos do dos mamíferos e das aves . O ajuste do foco em mamíferos e pássaros é normalmente feito aumentando ou diminuindo a abertura da pupila, mas nos peixes isso é feito aproximando ou distanciando o cristalino da retina.

Pupilas redondas de um pirarara

Pupilas redondas de um pirarara. Imagem de Mathias Appel via flickr

Os olhos dos peixes podem variar de acordo com a espécie — alguns, dependendo dos hábitos — conseguem enxergar melhor em ambientes com pouca luz, outros conseguem ver algumas cores melhores do que outros ou enxergar a luz ultravioleta.

Vários deles, assim como muitos animais terrestres, possuem tapetum lucidum, que é uma membrana ocular capaz de ajudar ainda mais a refletir a luz que entra nos olhos e melhorar a visão do animal em condições de baixa luminosidade. Essa membrana é o que faz os olhos que certos animais brilharem à noite.

Nos pássaros , a visão é o sentido mais importante, sendo essencial para um voo seguro e para a busca de alimentos. Seus olhos possuem uma série de adaptações que proporcionam uma acuidade visual superior à de outros vertebrados, inclusive dos humanos. Porém, não conseguem se movimentam muito bem, por isso precisam sempre mover a cabeça ao olhar para uma direção diferente.

Os olhos podem estar posicionados tanto na frente da cabeça quanto na lateral. Pássaros com olhos nas laterais da cabeça, como os pombos, aves canoras e papagaios possuem um campo visual amplo, útil para detectar predadores. Enquanto aves com olhos na parte frontal da cabeça, como as corujas, possuem visão binocular e um campo visual mais limitado — porém, podem estimar distâncias durante a caça.

A quantidade de cones e bastonetes também pode variar conforme a ave. Por exemplo, as corujas possuem uma muitos bastonetes e poucos cones, situação que é totalmente inversa em aves diurnas como os andorinhões. Além disso, muitas conseguem até mesmo ver a luz ultravioleta.

Olhos simples e compostos dos invertebrados

Olhos de aranha papa-moscas, podemos ver quatro de seus olhos que dão a visão binocular e dois ocelos menores

Aranha papa-moscas, seus quatro olhos principais são visíveis, assim como dois de seus quatro olhos simples. Imagem de ChristianDL via flickr

Os invertebrados podem possuir dois tipos de olhos diferentes: os simples e os compostos. Os olhos simples — também chamados ocelos — apenas distinguem variações na intensidade da luz. São os olhos dos caracóis, escorpiões e da maioria das aranhas . Apenas as aranhas papa-moscas possuem olhos bem desenvolvidos semelhantes aos vertebrados. Seus quatro olhos frontais proporcionam a noção de profundidade e os quatro olhos simples das laterais completam o campo de visão de 360°, tornando sua visão excepcional não apenas entre as aranhas, mas dentre a maioria dos artrópodes.

Os olhos compostos são constituídos por pequenas células sensíveis à luz em formato de hexágonos, chamadas omatídeos. A quantidade de omatídeos pode variar de alguns até os milhares e cada um funciona como um olho individual, além de serem muito sensíveis ao movimento. Estão presentes em muitos insetos como moscas, mosquitos, abelhas , borboletas , besouros e gafanhotos.

Como em muitos artrópodes, as lagostas e os caranguejos também possuem olhos compostos. Recentemente foi descoberto que alguns podem detectar a luz UV, o que pode ajudá-los a captar as cores bioluminescentes dos plânctons e de crustáceos que compõem sua dieta, assim como os padrões nas cascas de parceiros em potencial.


Há muitos outros animais com variações oculares impressionantes. Todas elas são adequadas para o estilo de vida de cada um. Por mais que muitos animais não tenham uma visão muito boa (principalmente quando comparada à de um humano), é dessa maneira que eles enxergaram durante milhares de anos, portanto, sua visão é suficientemente adaptada ao seu modo de vida.

Na verdade, a visão ruim pode ser aplicada aos humanos também. Além de muitas pessoas precisam de lentes corretoras, temos apenas três cones que nos permitem enxergar as variações das cores: azul, vermelho e verde. No entanto, muitas aves , répteis e peixes podem enxergar a luz ultravioleta, a luz infravermelha e até mesmo a luz polarizada.

A lagosta-boxeadora, por exemplo, possui dezesseis cones, o que significa que pode enxergar até 16 tipos diferentes de luz/cores, e talvez nunca conseguiremos enxergar naturalmente tantas cores quanto este animal. Porém, mesmo vendo apenas 3 cores e muitas vezes não tendo uma boa acuidade, vivemos muito bem, assim como muitos animais.

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