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O que você precisa saber sobre o sapo-cururu

Os sapos-bois ou sapos-cururus sempre causaram medo em muitas pessoas; seu grande tamanho, sua pele rugosa e cheia de verrugas e as grandes bolsas de veneno nas laterais de sua cabeça são os principais motivos para tal aversão.

O que é desconhecido por grande parte da população é que, na verdade, existem cerca de 90 espécies de sapos do mesmo gênero (da mesma “família”) que o sapo-cururu — encontradas desde o México e em toda a América do Sul. No Brasil, podemos encontrar cerca de 36 espécies, que podem medir desde alguns centímetros até 25 cm1 2.

Embora à vista de olhares desatentos possam parecer todos iguais, nem todos os sapos desse gênero (Rhinella) possuem grandes bolsas de veneno, conhecidas como glândulas paratoides — ainda assim, muitos deles (se não todos) são venenosos3. Alguns, são pequenos, com belos padrões e podem até mesmo ter protuberâncias na cabeça que se parecem com grandes orelhas.

Já os famosos sapos-cururus, chamam a atenção por serem os maiores sapos do Brasil, apesar de geralmente atingirem cerca de 15 cm, alguns indivíduos com 25 cm já foram encontrados. Os machos são totalmente amarelos já as fêmeas e os jovens podem ser amarelos ou marrons com manchas pretas nas costas.

Os sapos-bois e sapos-cururus são animais terrestres, noturnos e podem ser encontrados em todo o país — inclusive em áreas urbanas.4 Podem ser vistos em calçadas ou em quintais para se alimentar de insetos, pequenos vertebrados e, dependendo da espécie, até mesmo da ração de animais domésticos.

Sapo-cururu (Rhinella-marina)

Sapo-cururu (Rhinella-marina). Imagem de Charlie Jackson sob a licença CC-BY 2.0 via Wikimedia Commons

É verdade que estes sapos possuem veneno. Dependendo da quantidade, pode causar náuseas, vômitos, paralisia e raramente a morte.5 O veneno também pode causar reações adversas como incômodo e ardência caso entre em contato com mucosas, como os olhos ou a gengiva.

Porém, os sapos-cururus não esguicham veneno e são incapazes de envenenar alguém por vontade própria — apenas tocar o sapo também não causa o envenenamento. A única forma de ser intoxicado é apertando suas glândulas de veneno, forçando a saída do veneno e ingerindo-o.

Portanto, estes sapos são praticamente inofensivos aos humanos, afinal, o envenenamento depende de uma série de fatores específicos e improváveis. Ainda assim, deve-se tomar cuidado com animais de estimação, pois podem ser afetados caso tentem morder o sapo.

Seu veneno é, na verdade, usado apenas como mecanismo de defesa quando algum animal tenta comê-lo. Por exemplo, quando cobras tentam mordê-lo acabam exprimindo suas glândulas e o líquido venenoso em seu interior é expelido direto na boca do predador, causando incômodo e fazendo-o livrar o sapo imediatamente.

Apesar disso, o sapo-cururu faz parte de dieta de muitos animais tolerantes as suas toxinas, como o jacaré-de-papo-amarelo (Caiman latirostris), diversas serpentes e aves6. O gavião-preto (Buteogallus urubitinga), por exemplo, sabe que não deve comer certas partes do sapo-cururu.

Sapo-cururu (Rhinella-marina)

Sapo-cururu (Rhinella-marina). Imagem de Vassil sob a licença CC0 via Wikimedia Commons

Apesar de serem evitados e muitas vezes mortos sem motivo, os sapos são estudados por muitos cientistas devido às propriedades de seu veneno, que quando isoladas em laboratório, podem ser usadas para a criação e melhoramento de muitos remédios como, por exemplo, para a Leishmaniose, Doença de Chagas,7 malária8 e várias outras doenças.

Além disso, os sapos-cururus são importantes controladores biológicos, pois também se alimentam de invertebrados que podem ser daninhos ao homem e às plantações, como as moscas, mosquitos e escorpiões9 — ajudando a manter seus números sob controle.

Referências:


  1. OCP News - Agricultores encontram sapo gigante raro em Guaramirim  ↩︎

  2. Waza - Cururu Toad  ↩︎

  3. Capela, Danilo & Struett, Michelle & Leivas, Peterson. (2020). Predation attempt of Rhinella ornata (Spix, 1824) Anura, Bufonidae) by Leptodactylus cf. latrans (Anura, Leptodactylidae) in the Atlantic Forest, Brazil . Herpetology Notes. 13. 11-13. ↩︎

  4. Animal Business - Sapo-cururu  ↩︎

  5. Sua pesquisa - Sapo-boi  ↩︎

  6. Salvador, S. A., and Néstor Fariña. “Anfibios y reptiles como parte de la dieta de las aves de Argentina, una recopilación .” ↩︎

  7. Herpeto Capixaba - Veneno de sapo pode salvar vidas  ↩︎

  8. Banfi, F. F., Krombauer, G. C., Fonseca, A. L. da ., Nunes, R. R., Andrade, S. N., Rezende, M. A. de ., Chaves, M. H., Monção Filho, E. dos S., Taranto, A. G., Rodrigues, D. de J., Vieira Júnior, G. M., Castro, W. V. de ., Varotti, F. de P., & Sanchez, B. A. M.. (2021). Dehydrobufotenin extracted from the Amazonian toad Rhinella marina (Anura: Bufonidae) as a prototype molecule for the development of antiplasmodial drugs. Journal of Venomous Animals and Toxins Including Tropical Diseases, 27(J. Venom. Anim. Toxins incl. Trop. Dis, 2021 27). https://doi.org/10.1590/1678-9199-JVATITD-2020-0073  ↩︎

  9. Amazonas atual - Em risco de extinção, sapo-cururu pode ajudar no combate ao escorpião-amarelo  ↩︎

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