As penas dos dinossauros
À primeira vista, pode ser difícil ver como os pombos que você evita ou os pavões que você admira têm algo em comum com os dinossauros. Porém, muitos cientistas acreditam que os pássaros modernos sejam dinossauros vivos – especificamente, são um grupo de dinossauros carnívoros de duas pernas chamados terópodes, que conseguiram evitar a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos atrás. Eles não somente desenvolveram penas, cérebros maiores e mais adaptáveis, como também tamanhos reduzidos e corpos mais aerodinâmicos os ajudando a sobreviver.
Inicialmente, os cientistas pensavam que todos os dinossauros eram semelhantes a grandes lagartos escamosos e, de fato, não há evidências de que os os primeiros dinossauros (como o Eodromaeus) tinham penas, assim como dinossauros blindados como os estegossauros.
Porém, com o decorrer da evolução, vários dinossauros começaram a desenvolver plumagens das mais variadas formas. As primeiras penas (ou proto-penas) eram diferentes do que as das aves modernas – eram escuras e se pareciam mais com pelos, ou com uma penugem “fofinha” que deveria servir como isolante térmico.
Posteriormente, essas penugens evoluíram em muitos gêneros de dinossauros e se tornaram mais complexas. Além de serem usadas para o aquecimento, passaram a ter variações de cores e também serviam para exibições visuais, da mesma forma que os pavões modernos atraem parceiras ou mostram dominância. Mesmo após as penugens de muitos dinossauros se tornarem penas apropriadas, a maioria deles ainda não podia voar, e apenas espécies menores como o arqueoptérix podiam no máximo planar ou dar voos curtos, assim como as galinhas.
A descoberta das penas
O primeiro dinossauro com penas a ser descoberto foi o arqueoptérix, encontrado na Alemanha meridional em 1861. Tinha dentes bem desenvolvidos e uma cauda longa, três dedos com garras e grandes asas. A descoberta deste fóssil preencheu a lacuna da evolução que deu origem as aves, (até então desconhecida) criando a hipótese de que o arqueoptérix poderia estar mais intimamente relacionado às aves do que os outros dinossauros.
Em 1996, cientistas na China descobriram o Sinosauropteryx, o primeiro terópode com penas que não é um parente direto dos pássaros. Essa descoberta ajudou os cientistas a reescreverem noções antigas sobre a aparência e o comportamento de muitos dinossauros.
A partir de então, foi descoberto um número crescente de dinossauros com penas, que evidenciaram a relação próxima entre dinossauros e aves. Da mesma forma, uma notável diversidade de fósseis de dinossauros que não eram aves e apresentavam estruturas muito semelhantes a penas ou penugens também surgiram.
O maior dinossauro com penas conhecido é um tiranossaurídeo de 7 metros de comprimento que viveu 125 milhões de anos atrás, conhecido como Yutyrannus huali. Descoberto na China em 2012, pesava 1,5 tonelada e era um predador temível como seu parente T. rex.
A maioria dos dinossauros com penas era carnívora; porém, também havia alguns herbívoros, como o Kulindadromeus, Psittacosaurus e Tianynlong. Alguns cientistas afirmam que todos os dinossauros – incluindo os saurópodes, tinham algum tipo de penas mas, (assim como os elefantes) possuiam poucos pelos, os saurópodes por exemplo (dinossauros herbívoros gigantescos com o pescoço comprido) podem não ter tido muitas penas ou pelos portanto não foram preservados em seus fósseis.
Impressões de penas fósseis de qualquer tipo de dinossauro são extremamente raras e requerem circunstâncias de preservação excepcionais para se formarem. Portanto, apenas alguns gêneros de dinossauros emplumados foram identificados. A falta de evidência fóssil de penas em todo o mundo se dá ao fato de que são estruturas muito delicadas e, assim como a pele, normalmente não são preservadas na maioria das condições de fossilização, sendo necessárias situações especiais para serem conservadas.
Dinossauros brasileiros com penas
O Brasil também foi o lar de milhares de dinossauros e, levando em consideração a hipótese de que provavelmente todos os terópodes (carnívoros bípedes) tinham penas, podemos dizer que pelo menos, alguns dinossauros brasileiros tinham penas. Um deles recentemente se tornou motivo de repercussão nos meios de comunicação por ter sido adquirido de forma irregular pelo Museu Estadual de História Natural de Stuttgart, na Alemanha.
O fóssil em questão recebeu o nome de Ubirajara jubatus. Foi um pequeno terópode que provavelmente mediu cerca de 4,5 metros do focinho à cauda e 40 cm de altura até os ombros. Viveu durante o começo do período Cretáceo há 110 milhões de anos, onde hoje é o Brasil. Possuía uma plumagem bem desenvolvida na região dorsal, onde se formava uma juba, e que incluía dois pares de penas maiores que saiam de seus ombros. Tais penas provavelmente eram usadas como forma de exibição para atrair companheiras e afastar rivais (exatamente como as aves modernas ainda fazem).
Esse pequeno predador foi o primeiro dinossauro encontrado no país com as penas preservadas. Além de também ter sido o primeiro a ser descoberto com penas em forma de lança. Em homenagem a essas penas incomuns, os cientistas nomearam o fóssil de Ubirajara, que significa “senhor da lança” na língua tupi.
Exatamente quantos ou quais dinossauros tinham penas é algo difícil de afirmar até o momento. Afinal, nos últimos 20 anos houve uma grande revolução sobre tudo o que se sabia sobre os dinossauros. Até hoje, novos fósseis de dinossauros emplumados têm sido continuamente descobertos – desde 1996, foram descritos mais de 30 gêneros de dinossauros com penas ou penugem preservadas em seus fósseis.
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