Tudo Sobre Animais

O tráfico de animais no Brasil

No Brasil, cerca de 38 milhões de animais são traficados da natureza anualmente, acelerando o desaparecimento de cerca de 1.173 espécies de animais silvestres em risco de extinção. Para contrabandear animais de um estado ao outro ou até mesmo para outro país, é necessário escondê-los em malas, compartimentos ocultos do porta-malas ou nos forros dos bancos, por isso, a estimativa é que a cada dez animais capturados, apenas um sobreviva. Ou seja, a maioria morre durante o transporte ou após chegar ao seu destino, devido a traumas psicológicos ou físicos. Ainda assim, cerca de 4 milhões são vendidos por ano.

O principal alvo dos traficantes de animais e dos comerciantes ilegais são aves como papagaios e araras , representando mais de 80% de todos os animais capturados. Por causa de suas belas cores e da cultura brasileira que vê os papagaios como animais de estimação, esses são os mais procurados. Não obstante, por estarem entre as espécies mais ameaçadas de extinção e serem animais considerados raros, seu valor no mercado é alto, portanto, são lucrativos.

Uma das espécies mais contrabandeadas para zoológicos particulares e grandes colecionadores é a arara-azul, vendidas em sua maioria para a América do Norte, Europa e Ásia.

Também são retirados da Amazônia muitos peixes ornamentais destinados a aquários domésticos, entre eles o tetra-azul e o tetra-cardeal. O pirarucu , um dos maiores peixes de água doce do mundo, também está incluso nas espécies traficadas. Após ser capturado ilegalmente, é misturado em meio a outros peixes criados em cativeiro e enviado para os Estados Unidos em grande quantidade.

Esse e outros peixes são vendidos para serem usados como alimento de luxo, assim como cágados e seus ovos, porcos-do-mato, antas e outros mamíferos. No Brasil, no entanto, esses animais são frequentemente contrabandeados como carne de caça. Na China, as onças são muito apreciadas pelos seus dentes, peles e cabeças, onde são usadas como medicina tradicional, sem eficácia comprovada; ou como artigo de decoração.

Macaco tentando sair da gaiola. Imagem de Rob & Dani por flickr

Atualmente, no Brasil, é possível obter animais silvestres legalmente em um dos 523 estabelecimentos comerciais ou criadouros registrados no Ibama. Contudo, em um estudo de 2018 realizado pela agência federal, foi comprovado que parte destes estabelecimentos mantêm filhotes originários da natureza, e não da procriação em cativeiro.

Após uma pesquisa no sistema do Ibama, onde os criadores adicionam informações sobre os animais em cativeiro e de dados coletados em operações de fiscalização, foi comprovado que 80% das anilhas dos animais são incompatíveis com as datas de registro de nascimento dos filhotes. Ou seja, 80% dos filhotes declarados no sistema são animais capturados na natureza.

Apesar da obtenção de todos estes dados, eles não mostram o que está sendo traficado, e sim apenas o que está sendo detectado. Por exemplo, nos últimos 15 anos, cerca de 30 mil animais foram apreendidos anualmente apenas no estado de São Paulo, tal quantidade, no entanto, se refere apenas aos animais encontrados vivos.

Posso regularizar o meu animal silvestre?

Se você possui um réptil ou ave que não é legalizada , a melhor forma de agir é realizando a entrega voluntária nas instituições que recebem e tratam de animais silvestres. O procedimento de entrega evita que a pessoa receba alguma penalidade caso o animal seja ilegal. Para isso, pode-se entrar em contato com o batalhão da Polícia Ambiental local, com o Ibama, o CETAS ou o CRAS.

Após a entrega, serão avaliadas as condições físicas e comportamentais do animal, em seguida, será definido se ele está apto ou não para voltar para a natureza. Além disso, muitos desses animais precisam de muito tempo de reabilitação e mesmo com todo o cuidado e processo, alguns nunca mais conseguem voltar para seus habitats, seja por já não existirem mais devido a queimadas e desmatamentos ou por não conseguirem se adaptar mais à vida selvagem sem o auxílio humano. Nesses casos, os animais são enviados de volta ao Ibama, que por sua vez os encaminham para zoológicos ou criadouros.

Porém, segundo dados dos relatórios dos CETAS do Ibama, mais de 50% dos animais são devolvidos à natureza.

A pior escolha que podem tomar é soltá-lo por conta própria. A reintegração de um animal que passou muito tempo em cativeiro pode não ser tão simples, sendo preciso passar por um processo de reintrodução. Além do risco de morte, há a ameaça de adicionar espécies invasoras no ambiente causando o desequilíbrio do ecossistema e levando outros animais a extinção.

Em caso de suspeita de tráfico de animais, deve-se em contato com a Linha Verde do IBAMA, ligando no número [0800 61 8080](tel:0800 61 8080). Se tiver presenciado o tráfico, é importante registrar o máximo de informações possíveis, como local da ação, placa dos veículos envolvidos, características das pessoas que estão comprando e vendendo, quais animais, dentre outras informações.

Caso veja algum animal exótico ou silvestre correndo riscos ou perdido, deve-se entrar em contato com os órgãos responsáveis para que a captura e o resgate sejam feitos de modo apropriado. Nunca tente resgatar o animal por conta própria.

Leia mais em:

Veja — A caça ao caçador: o tráfico de animais no Brasil

Mongabay — As redes de tráfico que estão acelerando a extinção na Amazônia

O Eco — Relatório aponta Amazônia como epicento do tráfico de animais silvestres no Brasil

Toda Matéria — Tráfico de animais

EcoDebate — Como fazer a entrega voluntária de animal silvestre

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