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A força e resistência dos insetos

Os insetos habitam a Terra desde muito antes dos dinossauros e possuem mais variedade do que qualquer outro animal no planeta. Quando comparamos a força de muitos deles com a de um humano, não é difícil que nos surpreendamos com quão fortes são.

Uma pessoa consegue suportar no máximo duas vezes e meia o próprio peso, mas algumas espécies de besouros podem suportar até mil vezes seu próprio peso. Quando falamos em besouros fortes, é comum vir à nossa mente os com grandes chifres, como o Oryctes rhinocero. De fato, esses besouros são impressionantes e podem suportar 850 vezes o próprio peso. Mas, recentemente o besouro Onthophagus taurus foi nomeado o inseto mais forte do mundo, conseguindo puxar até 1.140 vezes seu próprio peso. É como se um humano conseguisse levantar 90 toneladas.

No entanto, a força não pode ser medida apenas em quanto peso podem carregar, mas também a quanta pressão podem resistir: o besouro-de-ferro (Phloeodes diabolicum) é recordista nessa categoria – afinal, não é sempre que um besouro de apenas 2 cm pode continuar vivo após ser pressionado por um peso de 15 quilos.

Carapaça do besouro-de-ferro que suporta até 15 quilos

Besouro-de-ferro. Imagem de Jesse Rorabaugh via iNaturalist

As formigas também podem realizar um trabalho impressionante. As saúvas, por exemplo, carregam folhas, pedras e outros insetos com até 50 vezes seu peso corporal. Suas potentes mandíbulas, além de serem usadas para a manipulação e transporte de alimento, também servem para auxiliar durante a alimentação e defesa.

A formiga com a mandíbula mais potente é a Mystrium camillae (conhecida popularmente como formiga drácula), que habita a região Indo-australiana. A velocidade de sua mandíbula é de 320 km/h — muitas vezes mais rápida do que uma piscada de olhos. Segundo estudiosos, essas formigas usam suas mandíbulas para atordoar e esmagar outros insetos, os quais são levados para o ninho e usados como alimentos para as larvas.

Porém, muito mais próximo de nós (talvez até mesmo no quintal da sua casa), também há uma formiga tão ou mais impressionante: a formiga-de-estalo. Sua mordida pode alcançar os 100 km/h, gerando forças superiores a 300 vezes seu peso corporal. Quando suas mandíbulas se chocam, podemos ouvir o pequeno estalo do impacto — que deu origem ao seu nome popular.

Formiga-de-estalo - sua mordida pode alcançar os 100 km/h

Formiga-de-estalo. Imagem de Sirduckington via iNaturalist

Além de usarem suas mandíbulas para se defenderem e capturarem outros insetos, as formigas-de estalo também as usam para fugir: quando batem suas mandíbulas contra o chão, o impacto é tão forte que conseguem arremessar a si próprias por até 39 cm na horizontal, a uma velocidade de 230 km/h. Se um humano de 1,70 m tivesse uma força proporcional, seria lançado a 40 m de distância. Apesar dessa velocidade, pelo seu tamanho reduzido sua mordida não apresenta perigo algum aos humanos.

A explicação para a força dos insetos não está exatamente na força de seus músculos, mas na estrutura e adaptação do seu exoesqueleto. O exoesqueleto é uma camada externa, flexível e resistente que cobre o corpo dos artrópodes (insetos, aracnídeos e crustáceos), fornecendo proteção para os órgãos internos e dando suporte aos músculos.

Conforme vão crescendo, os órgãos e músculos dos insetos aumentam, mas seu exoesqueleto permanece do mesmo tamanho, comprimindo o corpo do animal. Após determinado tempo, o inseto eclode de seu exoesqueleto antigo e apertado com um novo, adequado ao tamanho atual de seu corpo — e o mantém até que cresça mais e precise novamente trocá-lo. Esse processo é chamado ecdise ou muda.

Troca de exoesqueleto de bicho-pau - ecdise

Ecdise de bicho-pau. Imagem de Seabrooke Leckie via flickr

O exoesqueleto proporciona uma área muito maior para os músculos, dando maior sustentação e rigidez do que um esqueleto interno coberto de carne, gordura e músculos — em outras palavras, os membros dos insetos são compostos basicamente de puro músculo. Esse fator é o que torna possível aos artrópodes exercerem uma força tão grande em comparação com seu tamanho diminuto.

No entanto, se os insetos fossem do tamanho de um cão , por exemplo, sua força não seria proporcional ao seu tamanho e sim, drasticamente reduzida. Isso ocorreria graças à força da gravidade que teria uma ação maior sobre sua massa, tornando o exoesqueleto muito mais pesado — assim, precisariam de muito mais esforço para levantar objetos pesados. Na verdade, não suportariam nem mesmo seu próprio peso.

O quão forte um inseto é, pode ser medido tanto em relação ao peso que pode suportar, como também em quão resistente é a temperaturas extremas. A formiga-prateada-do-saara consegue habitar locais extremamente inóspitos e quentes, resistindo a temperaturas de mais de 50 °C durante o dia por terem desenvolvido uma nova forma para sobreviver sem morrer queimada debaixo do sol: correr muito rápido. Sendo extremamente ágeis, suas pernas se movem numa velocidade que é até mesmo difícil para nossos olhos acompanharem.

Formiga-prateada-do-deserto - a formiga mais rápida do mundo

Formiga-prateada-do-deserto. Imagem de Philipp Hoenle via iNaturalist

A formiga-prateada-do-saara pode percorrer cerca de 85 centímetros por segundo — o que é quase 108 vezes o tamanho de seu corpo. Pode parecer uma distância pequena, mas para uma pessoa correr na mesma velocidade, teria que alcançar 643 km/h. Até mesmo o modo como corre se difere do de outras formigas: algumas vezes, chega inclusive a galopar, evitando que seus pés entrem em contato mais do que o necessário com a areia escaldante. Essa velocidade é o que faz dela a formiga mais rápida do mundo.

Mas o título de inseto terrestre mais rápido do mundo pertence aos besouros da subfamília Cicindelinae. Esses besouros, popularmente conhecidos como “besouro-tigre”, podem ser encontrados em todo mundo. Mas, a espécie mais veloz é a Cicindela hudsoni, que consegue correr a 8 km/h, isto é, 125 vezes o comprimento do próprio corpo, a cada segundo. Com tanta velocidade, o besouro-tigre precisa fazer pequenas pausas para poder focar novamente em sua presa, já que seus olhos não conseguem acompanhar a velocidade com que se move.

Segundo Andressa Paladini, professora do Departamento de Ecologia e Evolução do Centro de Ciências Naturais e Exatas da UFSM, além de alguns insetos conseguirem resistir a condições tão extremas (como a formiga-prateada-do-saara), também são capazes de suportar entre três e cinco vezes o nível de radiação que um humano aguentaria.

Isso não significa, no entanto, que os insetos sejam imunes à radiação, mas sim que seu exoesqueleto funcionaria como uma armadura, fazendo com que as lesões celulares ocorressem de modo mais lento. Portanto, altos níveis de radiação ainda podem ser fatais.

Por serem tão pequenos, os insetos passam normalmente despercebidos, mas estima-se que existam cerca de 200 milhões de insetos para cada ser humano. Devido a sua resistência, se adaptaram para viver nos mais diversos ambientes, dominando desde desertos ardentes às montanhas nevadas, sendo que alguns conseguem até mesmo viver debaixo d’água! Isso provavelmente faz deles os mais bem-sucedidos seres vivos da história do planeta.

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