Quem são os artrópodes?
Os artrópodes foram os primeiros animais a dominarem a Terra, existindo desde o período Cambriano em ambientes aquáticos. Porém, com sua grande e rápida diversificação dominaram também o céu, a terra e adquiriram as mais variadas formas e tamanhos, podendo ser microscópicos, como os plânctons, ou até com mais de 4 metros de largura — como o caranguejo-gigante-japonês.
Atualmente, os artrópodes são o maior filo (grupo de animais) existente, representando cerca de 84% de todas as espécies de animais do mundo. Habitam quase todos os ambientes, sejam aquáticos ou terrestres, até mesmo em ambientes frios como nos Polos, e apesar de toda sua variedade, todos possuem algumas características determinantes: são animais invertebrados que possuem exoesqueleto rígido e vários pares de patas.
Os artrópodes não têm olhos como os dos vertebrados, em vez disso, usam uma combinação de olhos compostos e/ou ocelos . Na maioria das espécies, os ocelos só podem detectar variações na intensidade da luz, e os olhos compostos são a principal fonte de informação. Além disso, todos precisam trocar seu exoesqueleto “apertado” para poderem crescer com um adequado para o seu tamanho.
Fazem parte desse grupo: insetos, aracnídeos, crustáceos e miriápodes (centopeias e os piolhos-de-cobra).
Insetos
Os insetos são os animais terrestres mais diversificados. Estão inclusos no subfilo Hexapoda — nome grego que se significa “seis pernas”, se referindo ao fato de que todos os insetos possuem seis pernas.
Além do número de patas, outra característica que separa os insetos dos demais artrópodes é o seu corpo dividido em três partes. Mesmo os besouros e baratas que podem não apresentar uma divisão muito clara têm seu corpo separado em: cabeça, tórax e abdômen. Na cabeça ficam os olhos, antenas e o aparelho bucal; no tórax, as asas e as seis pernas. O abdômen geralmente é a maior e mais comprida parte do corpo, é ali que ficam os órgãos mais importantes como o coração, intestino e órgãos reprodutores.
Podem ter desde poucos milímetros até 62 cm e ser encontrados tanto em terra quanto na superfície da água. Alguns, como as libélulas, passam toda a sua fase larval dentro d’água, já as baratas d’água, mesmo após adultas passam a maior parte do tempo abaixo da superfície se alimentando.
Os insetos foram os primeiros animais e os únicos artrópodes que desenvolveram asas. Possuem grande variação de tamanho, formato e textura. Nos besouros, por exemplo, o primeiro par de asas se tornou duro como uma carapaça e protege o segundo par de asas que fica escondido. Além disso, a asa de cada espécie de inseto possui um padrão diferente, e é através deste padrão que muitas espécies são diferenciadas.
Todos os insetos adultos têm antenas, elas executam papéis sensoriais fundamentais para a biologia de cada grupo como, por exemplo, função olfativa, percepção de umidade e temperatura, audição, comunicação ou auxílio para cortejo e cópula.
Embora muitos insetos sejam considerados um incômodo nos lares ou até daninhos pela possibilidade de transmitem doenças, danificarem construções ou destruírem colheitas, a maioria das espécies é benéfica para o homem e para o meio ambiente. Os besouros e moscas, se alimentam de animais e plantas mortas, contribuindo para a decomposição da matéria orgânica e o enriquecimento do solo. As vespas, se alimentam de outros insetos, e ajudam a manter o equilibro do ecossistema. Já abelhas , são os principais responsáveis pela polinização das plantações, além de nos fornecer alimento. Portanto, mesmo que não pareçam agradáveis, são muito importantes.
Aracnídeos
Os aracnídeos pertencem ao subfilo Chericerata, do qual também fazem parte as aranhas-do-mar e os caranguejos-ferradura (que não são nem aranhas, nem caranguejos). Para separar os aracnídeos desses animais aquáticos, todas as aranhas , escorpiões, carrapatos, opiliões, ácaros, entre outros estão inclusos na classe Arachnida, englobando mais de 60 mil espécies diferentes.
Diferentemente dos insetos, os aracnídeos não possuem antenas nem asas e seu corpo é dividido em apenas duas partes: o cefalotórax (cabeça unida ao tórax) e o abdômen. No cefalotórax estão os ocelos e pernas, há também os pedipalpos — apêndices articulados que se encontram dos lados da boca e ajudam a capturar a presa para a alimentação ou como órgão e reprodução. Nas aranhas, os pedipalpos podem ser pequenos ou confundidos com mais um par de patas. Nos escorpiões, no entanto, se desenvolveram muito mais se transformando em pinças.
As quelíceras também são parte do cefalotórax. São um par de apêndices também posicionados próximos à boca — junto aos pedipalpos, e servem principalmente para a predação. Nos carrapatos, sua função é de sugar, já nas aranhas, as quelíceras acabam em uma garra que injetam a peçonha.
Apesar de serem mais comuns em regiões quentes, os aracnídeos podem viver em todos os climas — inclusive, nos polares. As aranhas e os pseudo-escorpiões são alguns dos poucos animais capazes de viver no topo das montanhas mais altas do mundo.
Sendo os tipos mais comumente avistados, as aranhas e escorpiões são motivos de pavor para muitas pessoas, porém, dentre milhares, apenas 4 gêneros de aranhas e 4 espécies de escorpiões são considerados perigosos. Embora alguns possam causar acidentes, esses animais exercem um papel muito importante para o meio ambiente e ajudam a manter o equilibro ecológico como reguladores de populações de outros animais — principalmente, pequenos invertebrados.
Crustáceos
São denominados crustáceos, animais aquáticos como caranguejos, siris, lagosta, camarões, entre outros. São alguns dos animais com a maior distribuição oceânica sendo encontrados em todas as profundidades, além de serem os mais abundantes e os mais diversos entre todos os artrópodes. Alguns, também tiveram sucesso em terra, como os tatuzinhos-de-jardim.
Seus corpos estão divididos entre cabeça, tórax (às vezes unidas, formando o cefalotórax) e na maioria das vezes, abdômen. Diferentemente dos outros artrópodes, o número de pernas pode ter uma grande variação dependendo da espécie. Podem ser separadas de três formas diferentes: as patas localizadas mais próximas à boca são responsáveis por ajudar a manusear o alimento. O segundo grupo, localizado no tórax, são as patas responsáveis pela locomoção. O terceiro grupo, são as patas localizadas no fim do abdômen, e responsáveis pela natação.
Uma das principais característica dos crustáceos é ter dois pares de antenas. Porém, por possuírem uma grande variedade de tamanhos e formas, as demais características e hábitos podem ser muito diferentes. Por exemplo, o menor crustáceo conhecido tem proporções microscópicas, enquanto os maiores podem ter até 4 m.
Muitos deles, como os caranguejos e camarões, têm olhos compostos cilíndricos e longos, também podem apresentar outros órgãos sensoriais como olho simples ou ocelos . Isso não significa, no entanto, que tenham uma visão inferior. Algumas espécies como a lagosta-boxeadora possuem os olhos mais complexos do mundo, podendo focar em três pontos simultaneamente. Além disso, possuem 16 cones (células oculares capazes de reconhecer cores) enquanto os humanos possuem apenas 3.
Além de ser uma das fontes de renda principalmente para as populações ribeirinhas e alimento para o homem, os crustáceos cumprem um papel importante na cadeia alimentar aquática, servindo de alimentos para vários animais maiores.
Miriápodes
Os miriápodes são todos os invertebrados que possuem muitas pernas, como as centopeias, lacraias e piolhos-de-cobra. Podem ter desde tamanhos microscópicos até mais de 30 centímetros. Se diferem dos outros artrópodes por não terem o corpo dividido em tórax e abdômen, apenas a cabeça e um longo tronco com várias pernas. A cabeça é composta de um par de antenas, dois pares de mandíbulas e geralmente, olhos simples.
Diferentemente dos insetos, o exoesqueleto dos miriápodes não possui a camada de cera que o mantém sempre flexível, portanto, pode ressacar facilmente. Por isso, são animais que costumam habitar ambientes florestais, escuros e úmidos — algumas espécies, no entanto, se adaptaram para poder sobreviver até mesmo em desertos.
São animais herbívoros ou detritívoros, as lacraias, no entanto, são os únicos predadores do grupo, e desenvolveram uma série de modificações corporais para capturar suas presas com mais facilidade: seu primeiro par de patas foi modificado para duas garras em forma de pinça capazes de injetar veneno; e seu último par de patas se tornou um par de “antenas” extras, que quando tocam um animal, agarra-o com força, a lacraia então se dobra para trás e injeta o veneno em sua presa. Para os humanos, no entanto, seu veneno não é fatal — causando apenas dor e inchaço, em casos mais graves, febre.
A maioria dos miriápodes são animais inofensivos e benéficos inclusive em jardins, onde desempenham um papel importante na decomposição da matéria vegetal, ajudando a enriquecer o solo e a gerar novas plantas.
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