Tudo Sobre Animais

Mutações nas cores dos animais

Existem vários tipos de pigmentos no corpo da maioria dos seres vivos. Estes pigmentos são responsáveis pelas cores de cada um deles, e qualquer alteração nos genes responsáveis pela pigmentação pode resultar no excesso, ausência ou deficiência de cores. Portanto, animais com alterações nestes genes nascerão com cores diferentes das que seriam adequadas para sua espécie e, muitas vezes, para sua sobrevivência. As alterações nas cores podem ser causadas por algum problema no metabolismo, fatores físico-ambientais, endogamia, hibridização, falta de nutrientes, pouca exposição à luz do sol, contaminação ambiental e diversos outros motivos.

A coloração de um animal pode influenciar sua capacidade de termorregulação, susceptibilidade, resistência à doenças, camuflagem e reprodução. Para entendermos melhor a importância dos pigmentos, primeiro é necessário compreender quais são e pelo que cada um é responsável.

O pigmento mais importante para a maioria dos animais é a melanina, uma proteína responsável por colorir a pele e pelos dos seres vivos, além de proteger contra a radiação ultravioleta emitida pelo sol. Existem dois tipos principais de melanina: a eumelanina, que cria colorações que variam do negro ao marrom e possuem a capacidade de dispersar a luz ultravioleta, e a feomelanina – que cria colorações que vão do vermelho ao amarelo.

Muitos animais também podem obter suas cores pela alimentação, absorvendo carotenoides. Os flamingos , por exemplo, obtêm o vermelho de suas penas por meio das algas e crustáceos que consomem e possuem carotenoides.

Os carotenoides são amplamente difundidos na natureza e estão presentes muitas frutas e vegetais. Existem centenas de tipos, mas podem ser diferenciados em duas grandes famílias: os carotenos, responsáveis principalmente pelos tons de vermelho; e as xantofilas, que criam os pigmentos amarelados.

Alterações nos genes da melanina ou dos carotenoides podem causar melanismo, xantismo, albinismo, leucismo e muitas outras variações nas colorações naturais dos animais.

Melanismo

Onça melanística, também chamada de pantera. Ainda é possível ver suas manchas negras através de sua pelagem escurecida.

Onça melanística, também chamada de pantera. É possível ver suas manchas negras através de sua pelagem escurecida. Imagem de Tambako The Jaguar via flickr

O melanismo é com certeza uma das alterações pigmentares mais conhecidas. Animais são denominados melanísticos quando a melanina (especificamente, a eumelanina) é produzida excessivamente pelo organismo, tornando escura a cor dos olhos e da pele e pelos.

Um clássico exemplo de melanismo animal é o que acontece principalmente nos leopardos e nas onças , em que os indivíduos melânicos são apelidados de “panteras”. Sendo assim, todo animal denominado como “pantera” será uma onça ou um leopardo melânico – tornando o termo “pantera-negra” redundante.

No Brasil, é um fenômeno relativamente comum entre as onças, afetando cerca de 10% dos exemplares dessa espécie. Mas, mesmo nas onças melanísticas, pode-se notar, através de seus pelos escurecidos, a existência das “manchas fantasmas”, característica notada também nos leopardos.

Pseudo-melanismo

No lado esquerdo da imagem, é possível ver um jovem guepardo-rei. Suas pintas são muito maiores e compridas do que as de seus irmãos ao redor

Um jovem guepardo-rei em comparação com guepardos sem pseudo-melanismo. Imagem de Pascal Parent via flickr

É um melanismo parcial. É observado quando as listras ou manchas negras de determinada espécie são excepcionalmente maiores, mais largas e mais escuras do que deveriam ser.

Costuma ser mais frequente em felinos como tigres, leopardos e guepardo — sendo este denominado “guepardo-rei”. Apesar do nome, a única coisa que os diferenciam dos outros guepardos são suas manchas diferenciadas.

Albinismo

Jacaré totalmente branco

Jacaré albino. Imagem de Travis via flickr

Ao contrário do melanismo, que é a produção excessiva do pigmento negro, o albinismo é definido pela completa ausência de pigmento na pele, pelo e olhos, devido à ausência ou defeito da enzima envolvida na produção de melanina.

Animais albinos tendem a desenvolver diversos problemas de saúde, o que torna difícil sua sobrevivência por muito tempo em seu habitat. Devido à falta de pigmento nos olhos, os estes animais têm dificuldade em enxergar e sua cor branca os tornam facilmente visíveis para suas presas, tornando em muitos casos mais dificil encontrar uma presa e conseguir caçá-la sem serem avistados. A cor branca também torna as presas facilmente visível para seus predadores — aumentando suas taxas de mortalidade.

Além disso, por não possuírem proteção natural, suas peles mais são sensíveis à luz do sol, causando queimaduras e feridas. Para estes animais, a vida em cativeiro é uma das únicas formas de manter sua sobrevivência.

Xantismo

Píton com xantismo, branca e amarela em contraste com uma píton com coloração normal.

Píton com xantismo em contraste com uma píton com coloração normal. Imagem de David Allen via flickr

Para alguns animais, a falta da melanina não os torna completamente brancos. Como dito anteriormente, alguns adquirem carotenoides através da alimentação, e caso falte a melanina, a pigmentação dos carotenoides ainda estará presentes no animal, podendo deixá-lo com uma coloração parcialmente ou totalmente amarelada.

Nas aves, essa mutação é chamada de lutinismo, já nos répteis, é chamada de xantismo.

Cianismo

Papagaio azul devido ao cianismo

Papagaio cianístico. Imagem de Diego Dacal via flickr

Presente principalmente em psitacídeos como papagaios e araras, o cianismo consiste na perda dos carotenoides, ou seja, na falta da produção das cores vermelha e amarela — sendo muitas vezes resultante apenas a cor azul. Para entendermos melhor como essa coloração é formada, basta pensarmos no princípio das cores. A junção das cores azul e amarela resulta em verde. Porém, se uma ave verde não possui a cor amarela para produzir a cor, nascerá apenas com a cor azul.

Leucismo

Pardal quase totalmente branco, apenas algumas partes do seu corpo, como a ponta das asas apresentam colorações amarronzadas ou negras

Pardal leucístico. Imagem de Vitalii Khustochka via flickr

O leucismo consiste na perda parcial da cor do animal em certas regiões do corpo ou em todo o corpo, exceto nos olhos e/ou extremidades corpóreas. Isso normalmente resulta em partes do corpo brancas, em maior ou menor dimensão, onde naturalmente deveria haver alguma pigmentação. Apesar de o leucismo ser mais frequente em aves, pode ser visto em outros animais.

Mesmo que sejam ocasionalmente confundidos com albinos, animais leucísticos totalmente brancos podem ser distinguidos ao observar a cor dos olhos; animais leucísticos costumam ter a pigmentação natural, já os albinos possuem olhos vermelhos. Indivíduos leucísticos também podem ter pequenas manchas nas narinas ou outras partes discretamente distribuídas.


Atualmente, são conhecidas mais de 100 mutações no gene da tirosinase – a enzima chave para o funcionamento da melanina, e diversos estudos sobre anormalidades pigmentares têm sido desenvolvidos em vários grupos de animais. Mais de 572 espécies de vertebrados com alguma destas anomalias já foram reconhecidas mundialmente. As aves ocupam a maioria dos casos conhecidos, com mais de 350 espécies afetadas.

Mesmo ocorrendo em diversos animais, essas alterações têm uma baixa taxa de ocorrência, portanto, animais que possuem essas características costumam ser raros.

Essa raridade é o que tornou esses animais tão excepcionais para muitas pessoas, fazendo com que sejam criados em cativeiro como animais de estimação, para que procriem filhotes com as mesmas características. Este é o caso de peixes dourados e carpas, de muitas espécies de aves como periquitos e cacatuas e até mesmo de serpentes , como as variações da cobra-do-milho .

Leia mais em:

Melanina

CAROTENÓIDES: Beta-caroteno, Licopeno, Luteína e zea-xantina

Xantismo

Albinismo

Ecology and Evolution of Melanism in Big Cats: Case Study with Black Leopards and Jaguars

As mutações que acometem as aves

Anomalias cromáticas em aves provenientes do tráfico de animais silvestres em Alagoas, Brasil

Grouw, Hein. (2006). Not every white bird is an albino: Sense and nonsense about colour aberrations in birds. Dutch Birding. 28.

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