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Onça-pintada: o maior felino do Brasil

As onças-pintadas são animais magníficos que surpreendem a qualquer um com sua beleza e força. São consideradas o terceiro maior felino do mundo (logo após os tigres e leões) e o maior felino das Américas. Por ser facilmente confundida com um leopardo, é importante primeiramente deixarmos clara a diferença entre ambos.

Apesar de parecerem o mesmo animal, as onças costumam ser maiores atingindo entre 50 e 100 quilos – mas podem alcançar até mesmo 159 quilos (o equivalente ao peso de uma leoa ou tigresa). Seu comprimento varia de 1,12 m a 1,90 m sem a cauda – a menor entre todos os grandes felinos. Além disso, suas pernas são curtas, e seu corpo robusto e pesado.

Os leopardos, por outro lado, são nativos da Ásia e África, são bem mais esguios e leves, pesando entre 30 e 90 kg e possuem caudas mais longas. A diferença mais clara, no entanto, está em seu padrão de cores e manchas. As onças possuem manchas grandes com pintas em seu interior. Os leopardos, no entanto, possuem manchas muito menores e sem pintas. A semelhança entre esses dois animais deve-se principalmente aos seus estilos de vida similares, mas, apesar disso, cientistas ainda não puderam confirmar se as onças são mais próximas dos leopardos ou dos leões.

As onças podem variar consideravelmente de tamanho conforme as regiões que habitam: onças que vivem mais ao Norte ou ao Sul tendem a ser maiores que as que vivem próximas à linha do equador. Um estudo realizado na Reserva da Biosfera Chamela-Cuixmala, no México, constatou que as onças de sua região possuíam por volta de 50 kg, enquanto as onças do Pantanal costumam pesar entre 100 kg a 130 kg.

Pantera. Imagem de Peter Hopper-by-nc-2.0 via Flickr

Pantera – Onça pintada com melanísmo. Imagem de Peter Hopper CC-BY-NC-2.0 via Flickr

Outra variação presente entre 6 a 10% das onças é o melanismo — uma alteração genética onde os indivíduos nascem completamente negros. Essa condição é causada pela melanina — uma proteína criada naturalmente no corpo de todos os seres vivos, e é responsável por produzir cores entre o marrom e o preto. Porém, quando sua produção é excessiva, a pele e/ou pelos nascem completamente negros.

Onças que nascem com essa condição são conhecidas popularmente como panteras e costumam ser encontradas com mais frequência em florestas densas e úmidas. Apesar da coloração diferente, estudos afirmam que tal característica pode, na verdade, trazer certas vantagens adaptativas sob algumas condições ecológicas — como melhora na termorregulação e camuflagem.

A coloração natural das onças-pintadas também pode variar desde um amarelo pálido ao alaranjado. Devido a essas divergências de cor e tamanho, em 1939, nove subespécies de onças foram descritas. Alguns estudos mais recentes, no entanto, sugerem haver apenas três. Ainda assim, pesquisas de DNA sugerem que suas divergências não são suficientes para serem consideradas subespécies, havendo apenas uma espécie com grande variedade.

Independentemente de quantase espécies há, ao contrário do que se presume sobre felinos, as onças são muito associadas a ambientes aquáticos, e são excelentes nadadoras – passando várias horas do dia dentro d’água, se refrescando, nadando ou comendo. São ótimas caçadoras de peixes e esperam pacientemente na beira dos rios, ocasionalmente batendo na superfície da água com a cauda para atrair peixes. À medida que os peixes se aproximam da margem, os golpeia, espetando-os com suas garras afiadas.

Onça-pintada na água. Imagem de Tambako The Jaguar BY-ND-2.0 via Flickr

Onça-pintada na água. Imagem de Tambako The Jaguar CC-BY-ND-2.0 via Flickr

Essa é mais uma característica que difere as onças-pintadas de outros grandes felinos – enquanto os felinos africanos caçam principalmente ungulados, as onças são mais generalistas, e podem caçar grandes sucuris , jacarés , peixes , antas , macacos e qualquer outro animal que possam capturar. De fato, até 87 tipos diferentes de animais podem fazer parte de sua dieta. Tantas adaptações para aperfeiçoar a caça permite que dominem todos os nichos ecológicos e alcancem uma maior gama de alimentos.

Com uma dieta tão ampla, sua mordida se tornou a mais forte entre todos os grandes felinos (tigres, leões, onças e leopardos), e pode alcançar até 910 kgf (sendo duas vezes a força da mordida de um leão e quase o mesmo que um tubarão-branco . Sua mandíbula é adaptada para seu método único de abate: morder através do crânio da presa atingindo seu cérebro ou quebrando sua coluna — causando morte instantânea.

A força muscular dos membros também é similarmente espantosa: embora possa rachar o casco de uma tartaruga com seus dentes, pode também apenas esmagar o escudo do animal com as patas e tirar a carne. Além disso, uma onça sozinha consegue arrastar uma presa de 300 kg por vários metros e, inclusive, atravessar rios com elas.

As onças também são os felinos que vivem por mais tempo, chegando a até 23 anos. A onça mais velha conhecida viveu até os 30 anos. Na natureza, no entanto, sua estimativa de vida é entre 12 e 15 anos.

Ameaças

Onça-pintada. Imagem de Cuatrok77 BY-SA-2.0 via Flickr

Onça-pintada. Imagem de Cuatrok77 CC-BY-SA-2.0 via Flickr

As onças-pintadas são encontradas desde o México até o extremo Norte da Argentina. No Brasil, seu adensamento é maior na Floresta Amazônica e diminui gradualmente até o estado do Paraná, onde habitam um pequeno trecho de Mata Atlântica. Apesar de sua ampla distribuição, suas populações estão em risco devido ao desmatamento, à caça às onças e a suas presas e aos atropelamentos.

Portanto, em muitas regiões são difíceis de serem encontradas e estão quase ameaçadas de extinção. No Sul da América do Norte, em várias regiões da América Central e no Sul e Leste do Brasil, seus avistamentos são tão raros que são consideradas em risco de extinção local. No Uruguai e em quase toda Argentina, já estão extintas.

Cerca de 50% das onças-pintadas estão no Brasil, e ocorrem em todos os biomas (com exceção dos Pampas) em diferentes estados de conservação. O Pantanal e a Amazônia possuem as maiores populações — apesar de algumas regiões terem sido severamente alteradas pelo homem. Na Mata Atlântica, no entanto, estudos demográficos concluíram que em 100 anos as onças também estarão extintas.

Onça-pintada dormindo no zoológico de Brevar, Flórida. Imagem de ~Ealasaid~ CC-BY-2.0 via Flickr

Onça-pintada dormindo no zoológico de Brevar, Flórida. Imagem de ~Ealasaid~ CC-BY-2.0 via Flickr

Na Caatinga sua situação é igualmente preocupante, por mais que haja mais indivíduos adultos do que na Mata Atlântica, estima-se que seus números não passem de 250 e sua sobrevivência estará em risco a longo prazo. Já no Cerrado, sua situação é melhor, mas ainda ameaçadora. O bioma teve mais de 50% de sua área transformado em plantações nos últimos 50 anos, além da perda de habitat para a construção de usinas e mineração.

Apesar de sua caça ser ilegal, muitos fazendeiros as matam por atacarem o gado ou medo de que o façam. Porém, onças são animais muito tímidos, e de todos os grandes felinos, é o menos propenso a atacar humanos. As onças-pintadas atuam como espécies-chave em ecossistemas tropicais e são os principais predadores de mamíferos herbívoros. Portanto, sua conservação ajuda a controlar populações e manter o ecossistema.

Leia mais em:

PhX Zoo - Panthera Onca

Status Survey and Conservation Action Plan Wild Cats

Panthera onca - The American Society of Mammalogists

Planning to Save a Species: the Jaguar as a Model

Animal Facts Encyclopedia - Jaguar Facts

Onça-pintada: a mordida mais poderosa entre os felinos

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